domingo, 23 de agosto de 2009

Repressão brasileira no Haiti se intensifica

Estudantes e operários estão presos em condições desumanas por terem participado de passeata pelo aumento do salário mínimo


Franck Seguy, do Haiti*




A repressão burguesa no Haiti está se fortalecendo ao longo das semanas. O Brasil dos ricos, das empresas que precisam da mão-de-obra haitiana barata está fazendo tudo que pode para manter a sua neocolonização no Haiti. O seu braço armado – a Minustah – rouba, estupra, mata com a total garantia de imunidade.

A repressão chega a uma dimensão extraordinária. Cinco estudantes estão presos nas piores condições por a única razão: participaram de uma passeata ao lado dos operários a favor da publicação de uma lei de reajuste salarial. Estes estudantes estão proibidos de receber visitas de familiares.

Em apenas uma semana, 14 pessoas foram presas. Guerchang Bastia, 21 anos, estudante de Sociologia e membro da Associação Universitária Dessaliniana (ASID), Patrick Joseph, 36 anos, membro do comitê para o fortalecimento do bairro de Duvivier (KRD), e oito operários foram presos por terem participado de uma manifestação operária no dia 10 de agosto a favor da publicação da lei sobre o reajuste salarial de 200 gourdes (42 gourdes = um dólar).

Os presos não estão recebendo comida e não são julgados nem condenados. Não têm direito de receber seus advogados. Tudo isso está acontecendo graças à contribuição do Brasil através de seu exército que comanda as forças de ocupação (Minustah). Um dos estudantes presos na Penitenciária Nacional está em greve de fome.

Dois dias depois, na quarta-feira, 12, Edouard Edwight, membro da ASID, foi preso ao voltar do seu estágio para casa. Hérold César, estudante de Comunicação, foi preso no momento em que ia para a universidade. Joseph Valcin foi preso após ter sido asfixiado com gás lacrimogêneo pelas tropas brasileiras e pela polícia haitiana dentro da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Estadual do Haiti.

Anne Lesperance, estudante em Serviço Social, foi presa no mesmo dia 12 de agosto. Ela foi libertada após ter resistido à tentativa de estupro por parte das forças armadas.

É preciso uma campanha nacional no Brasil pela Liberdade imediata para os estudantes e operários presos. Livre direito de manifestação. Aumento imediato do salário. Fora as tropas estrangeiras do Haiti!

A nossa luta é internacional.

Mensagens de solidariedade ao povo haitiano e de repúdio à repressão podem ser encaminhadas para os endereços abaixo:

Plataforma das organizações haitianas de direitos humanos (POHDH)
pohdh@yahoo.fr

Rede nacional de defesa dos direitos humanos do Haiti
rnddh@rnddh.org

Comitê de advogados pelo respeito das liberdades individuais
carlihotline@yahoo.fr

Gabinete do Primeiro Ministro do Haiti
primature@list.primaturehaiti.org

Ofício de Proteção da Cidadania
opc-haiti@hotmail.com


COM CÓPIA PARA:
Alter Presse – alterpresse@medialternatif.org (www.alterpresse.org)
ASID – asiddesalin@yahoo.fr
Conlutas – conlutas@conlutas.org.br


É mais do que urgente mobilizarmos o mais breve possível e conscientizarmos o Brasil todo. Estamos contando com seu total apoio, camaradas.

*Franck Séguy é haitiano e militante da Asosyasyon Inivèsitè ak Inivèsitèz Desalinyèn (Asid) do Haiti.

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