sexta-feira, 22 de maio de 2009

Movimento do campo resiste a despejo da justiça

O MPRA - Movimento Popular pela Reforma Agrária - organização que dirige vários acampamentos de sem-terra e é filiada a CONLUTAS está em resistência a uma ação da Justiça de reintegração de posse de uma área em Uberlândia, Minas Gerais, já declarada improdutiva pelo INCRA e ocupada a mais de 2 anos.

Eis as cartas públicas:



Companheiros e Companheiras,


O MPRA - Movimento Popular pela Reforma Agrária, está concentrado para resistir a efetivação da liminar de reintegração de posse impetrada pela "justiça", que ameaça as famílias que ocupam a área da fazenda Cabaça, localizada no município de Uberlândia - MG. Como estamos concentrados no acampamento desde domingo, o alimento já esta acabando, e prevemos que se esgotará totalmente até amanhã, quinta-feira.

Sem como nos arredar das tarefas de resistência para produzir por nosso trabalho os recursos para aquisição de alimentos, recorremos aos companheiros, solicitando que façam uma campanha para arrecadação de alimentos.

Ficou confirmado hoje, pelo advogado do MPRA, que a qualquer momento a polícia pode comparecer para expulsar os moradores do acampamento, já que eles negaram recurso apresentado após a liminar de despejo. Reafirmamos que as familias não vão sair da área, que os trabalhadores que estão fazendo aquela terra produzir tem o direito de continuar ali.

Pedimos que enviem moções de apoio para:

E-Mail do MPRA: gentedaterra@gmail.com
E-Mail do INCRA-MG: comunicacao@bhe.incra.gov.br
INCRA NACIONAL: presidencia@incra.gov.br

NOTA DE APOIO AO MPRA:

Nós do (nome de quem apoia), repudiamos a ação da Vara agrária de Mg contra o MPRA [Movimento Popular Pela Reforma Agrária] que há mais de dois anos ocupa a fazenda Cabaça, um latifúndio que, segundo o próprio INCRA-MG, é improdutivo.

Agora, depois de tanto esforço das pessoas que estão na área para recuperá-la e tentarem, mesmo sem nenhum auxílio do governo, tirar dali o seu sustento, o Juiz de direito Alberto Diniz Junior, determinou seu depejo.

Exigimos que o Incra assuma a improdutividade e legitime as famílias na fazenda.


Por uma Reforma Agrária emancipatória!

Entrem em contato para engrossar as fileiras de nossa resistência!


*Movimento Popular pela Reforma Agrária*
gentedaterra@gmail.com
(34)9802-8151, (34)9992-9670.
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Abaixo está a nota anterior, explicando o processo da área.



Oitenta famílias do Movimento Popular pela Reforma Agrária - MPRA, ocupam a área da fazenda Cabaça, no município de Uberlândia há aproximadamente 2 anos. São 645 hectaries de terra que estavam totalmente abandonados até a ocupação. A fazenda foi vistoriada pelo Incra e o laudo indicou sua improdutividade. As famílias iniciaram o cultivo da terra. Plantaram cará, mandioca, milho, hortaliças.

A proprietária da fazenda, após uma suposta negociação com o Incra, conseguiu um laudo considerando a fazenda como área produtiva e entrou com uma liminar de reintegração de posse.

O juiz de direito da vara agrária de Minas Gerais, Alberto Diniz Junior, em audiência que ocorreu no dia 01 de Abril, negou o pedido de reintegração de posse ao receber vários documentos irregulares que a fazendeira utilizou para tentar provar que a fazenda era produtiva. Dia 13 de Maio (quarta-feira) o mesmo juiz assinou a liminar determinando que as familias devem sair da área até o dia 18 (segunda-feira). Nos perguntamos: O que fez o juiz mudar de idéia tão repentinamente? Porque ele passou a acreditar nos dados apresentados pela latifundiária e se voltou contra as 80 famílias que pleiteam a fazenda? Porque tentar intimidar os moradores do acampamento enviando o documento por um comboio da polícia militar?

Esta ação do poder judiciário deixa claro o atrelamento das instituições do Estado com os interesses dos latifundiários. Mais uma vez eles fecham os olhos para as
questões sociais, deixando desamparados os trabalhadores, e se colocando a serviço de uma só classe, a dos grandes proprietários. O que eles não dizem é
para onde estas famílias devem ir após o depejo.

Pedimos a todos aqueles e aquelas que apoiam a luta pela Reforma Agrária que mantenham-se atentos, pois as familias acampadas decidiram resistir e permanecer na área e, mais uma vez, o poder judiciário poderá acionar a truculência e a violência policial a serviço do latifúndio e da desigualdade social.

*Movimento Popular pela Reforma Agrária*
gentedaterra@gmail.com
(34)9802-8151, (34)9992-9670.

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