sábado, 28 de fevereiro de 2009

Juiz que suspendeu demissões exige da Embraer que comprove problemas econômicos

por Almir Cezar Filho

Houve um elemento novo na decisão do juiz do trabalho que suspendeu as demissões em massa da Embraer, além de destacar que não houve negociações prévias da empresa com o sindicato, acrescenta na limiar a exigência da apresentação dos balancetes da empresa para comprovar se seria real uma grave situação financeira que a obrigasse as dispensas. O juiz também destaca que a empresa tem obrigações e compromissos sociais, e que deve lembrá-los antes de demitir.

Na decisão, o desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero, que é também o presidente do TRT, justificou que a decisão da liminar teve como base além da “impossibilidade de se proceder as demissões em massa sem prévia negociação sindical”, a principal motivação a questão econômica ligada as demissões: "eu não tenho ainda amplitude de conhecimento sobre isso (problemas econômicos da Embraer), tanto é que peço na liminar que eles tragam balancetes. Posso pedir também até a realização de perícia ou auditoria”.

O desembargador citou ainda na decisão os problemas sociais ocasionados pelas demissões: “Não se pode olvidar que as organizações empresariais possuem relevante papel no desenvolvimento social e econômico do país e, neste contexto, surge o conceito de responsabilidade social da empresa”. Contudo, apenas quando a Embraer pede dinheiro ao BNDES e isenções tributárias ao tesouro nacional ou paulista lembra disso.

Frase do dia

Frase do dia enviada pelo primeiro e grande meu mestre, meu pai.

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.





Confúcio, filósofo chinês

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Justiça do Trabalho suspende demissões da Embraer

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas em São Paulo, concedeu um liminar hoje suspendendo, por uma semana, as mais de 4.200 demissões anunciadas pela Embraer na semana passada.

Embraer só poderia demitir após negociação sindical, diz juiz

A Embraer não poderia realizar uma demissão em massa sem antes negociar com os sindicatos da categoria alternativas para os trabalhadores, segundo a Justiça trabalhista. Foi essa a principal justificativa do desembargador Luís Cândido Martins Sotero da Silva, presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, ao mandar suspender as demissões até quinta-feira.

Noticiário econômico do dia

Economia americana cai 6,2% no 4º trimestre

Na segunda estimativa do desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) americano entre outubro e dezembro, a economia dos EUA registrou uma contração de 6,2% no quarto trimestre de 2008. Na primeira estimativa, divulgada em janeiro, a contração havia sido de 3,8%. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira pelo governo americano.

Desde dezembro de 2007 os EUA estão em recessão, segundo o Escritório nacional de Pesquisa Econômica (Nber, na sigla em inglês).

***

Zona do euro tem maior desemprego em 28 meses

A taxa de desemprego em janeiro na zona do euro foi de 8,2%, a maior em 28 meses, segundo a agência de estatísticas Eurostat.Zon. No mesmo mês, a inflação atingiu o menor patamar em quase 10 anos.

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Confiança do consumidor brasileiro é a menor desde 2005

O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) caiu 1,4% entre janeiro e fevereiro de 2009, passando de 95,9 para 94,6 pontos. Os dados divulgados nesta sexta-feira pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelam o menor níivel da série iniciada em setembro de 2005.

Segundo a FGV, o resultado mostra que o índice retomou a tendência de queda iniciada em setembro de 2008, interrompida por uma relativa estabilização em janeiro, quando o índice subiu 0,1%.

1o de Março é dia de Monobloco no Centro do Rio

Festa com o Monobloco dia 1º de março é transferida da Zona Sul para o Centro do Rio

Redação SRZD | Cultura | 27/02/2009 13:08
http://www.sidneyrezende.com/noticia/31468+festa+com+o+monobloco+dia+1º+de+marco+e+transferida+da+zona+sul+para+o+centro+do+rio

Após dois anos desfilando na Praia de Copacabana, o Monobloco anunciou, que o desfile deste ano acontecerá na Avenida Rio Branco, no Centro da cidade, no dia 1º de março. O local foi escolhido pelos fundadores do bloco, que não conseguiram autorização da polícia para desfilar na orla.

Apesar de surpreso com a decisão dos órgãos competentes, o maestro Celso Alvim também está contente com a mudança de endereço. "Os prédios favorecem a acústica e lá teremos um som melhor, mais compactado do que na orla", explicou o músico, que comanda os 130 percussionistas da bateria.

De acordo com os organizadores, a concentração está marcada para as 9h, na Praça Mauá. O desfile tem previsão para terminar ao meio-dia, na Cinelândia.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Reduzir salário não ajuda a combater a crise

por Almir Cezar Filho

A proposta de reduções salariais feita pelas grandes empresas industriais, negociadas com a centrais sindicais, em vista de compensar a crise e não serem “obrigados” às demissões em massa, resulta inócua do ponto de vista científico para impedir o desemprego, mas prejudicam o poder dos trabalhadores sobre a renda nacional.

Digo isso, à medida que não há relação inversa entre salários reais e emprego, tanto porque não há como se esperar o efeito-substituição - algo esperada apenas pela escola neoclássica -, como também, porque como marxista, digo, que o produto agregado é determinado pelo princípio da regulação da "lei do valor" de Marx, bem expressa por Euguêni Preobrajenski.

Frase do dia

Na terça-feira de carnaval li em uma camisa de um folião uma frase que me encucou, e bem adequada aos dias de carnaval.

No carnaval vemos pessoas diferentes, de classes sociais e regiões juntas brincando e curtindo. Nem parece que o mundo é do jeito que é. Por outro lado, vemos que é possível a construção de um outro mundo, mais fraterno e alegre.

Vamos a frase:

O samba une o que a economia separa


Completo com outra

O carnaval une o que o capitalismo separa

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Programação do Carnaval 2009 de Niterói

RUA DA CONCEIÇÃO (Centro)

Sábado(21/02)
17h30-Entrega da chave simbólica, com o Prefeito e outras autoridades.
18h- Bloco Carnavalesco Segundo Clichê
18h30-Bloco Carnavalesco Filhos da Pauta
19h-Bloco Carnavalesco Cio da Capivara
19h30-Bloco Carnavalesco Unidos da Leopoldina
20h- Bloco Carnavalesco Unidos da Ponta d'Areia
20h30-Bloco Carnavalesco Unidos da Ladeira
21h- Bloco Carnavalesco Araribloco
21h30-Bloco Carnavalesco Se não Guenta, por que veio?
22h30-Bloco Carnavalesco Fora de casa
23h-Banda Carnavalesca Boa Viagem
1h-Encerramento

Domingo (22/02) - BLOCOS
19h-Grupo Afro Olodum Maré
20h30-Tá Mole, mas é meu
21h-União da Engenhoca
21h30-Barril Verde e Rosa
22h-Cacique da São José
22h30-Pingo d'água
23h-Boêmios de Jurujuba
23h30-Grilo da Fonte

SEGUNDA-FEIRA -
19h-Banda carnavalesca Boa Viagem
20h30-Banda Batistão
21h10-Comunidade Verde e Branco
21h50-Garra de ouro
22h30-Grupo dos XV
23h10-Unidos do Castro
23h50-galo de Ouro
00h30-Ferimento leve

TERÇA-FEIRA - Escolas de samba
19h - Abertura com GRES Souza Soares
20:30h - GRES Sabiá
21:20h-GRES Bafo do Tigre
22:10 GRES Bem Amado
23:00h - GRES Mocidade Independente de Icarai
23:50h - GRES Balanço do Fonseca
00:40 - GRES Folia de Viradouro
01:30h GRES Unidos de Piratininga

Folia nos bairros:

Rio do Ouro
No Rio do Ouro, a folia começa na sexta, dia 20 e vai até o dia 24 de fevereiro. A Estrada Velha de Maricá será fechada, das 17h às 4h, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid.

Fonseca
Entre os dias 22 e 24/02, das 12h às 18h, será realizado o "Matinê de Carnaval", na Rua magnólia Brasil, trecho entre as ruas Airosa Galvão e Carlos Maximiano).
Haverá também carnaval na Rua Teixeira de Freitas (entre as Travessas Caiçara e Vila Oliveira), das 15h às 03h. No dia 24, a folia acaba mais cedo: à meia-noite.
Folia também na Rua Benjamin Constant, no trecho entre a Alameda São Boaventura e a Rua Padre Leandro, de 20 a 24/02, das 19h ás 02h.

Icaraí / Santa Rosa
O tradicional carnaval da Rua Nóbrega, que acontece há 51 anos, em 2009 terá "matinê" para a criançada, das 17 às 21h. A festa será realizada nos quatro dias de carnaval (21 a 24/02) e terá a animação de marchinhas, com a orquestra Café com Leite.

Santa Bárbara
O carnaval será animado pelos músicos Silvério Pontes e Zé da Velha, além do grupo Sassaricando, diariamente, entre os dias 21 e 24/02, das 22h às 01h. O local terá estrutura de palco, som, iluminação e banheiros químicos.
Engenhoca
O carnaval da Engenhoca terá inicio no sábado (21/02), a partir das 18h e contará com a apresentação da Bateria e das multas da Acadêmicos do Cubango e dos cantores Pedrinho da Flor e Gilmar PQD. A folia vai até terça-feira (24/02), no Largo de São Jorge (Rua José Vicente Sobrinho esquina com Rua Capitão Alfredo Cruz).

Ilha da Conceição
O carnaval da Ilha da Conceição será animado por trio elétrico nos 4 dias de folia (21 a 24/02). Para as crianças, a partir de domingo, às 14h, um trenzinho com personagens da Disney passeará por todo o bairro, garantindo a animação.
Trios elétricos e bandas animam a Rua Mario Neves, no trecho da Praça Largo do Sol até o fim do bairro, diariamente, às 18h. Nos dias 21 e 22/02, sobe ao palco Carlinhos Banda Show.. Nos dias 23 e 24/02, será realizado show com o grupo Puro Swing.

Maravista
No bairro do Maravista, os foliões poderão festejar, do dia 21 ao dia 24/02, a partir das 19h. A Avenida Central Ewerton Xavier, entre as ruas Édson Zuzart Júnior e Mônica, ficará fechada até às 03h.

Barreto
O bairro terá 3 pontos de folia:
Praça Nereu Guerra (Praça do Largo dos Barradas): Serão 4 noites de festa, entre os dias 21 e 24/02, das 19 às 02h, com bandas carnavalescas, desfile de blocos e concurso de fantasia infantil.
Rua General Castrioto (entre Rua Galvão e Avenida do Contorno): Será realizado o Grande Carnaval Popular do Barreto, entre os dias 21 e 24/02, das 19h às 02h. No dia 24, a saída do tradicional Bloco Arrasta Tudo promete encerrar com chave de ouro a folia, a concentração será às 13h, em frente ao Clube Humaitá. Das 12 às 17h a Rua Guimarães Júnior fechará sendo que as ruas General Castrioto, Dr. March e Dr. Luiz Palmier serão apenas parcialmente interditadas aos veículos para a passagem do bloco.
Praça Enéas de Castro (Praça do Barreto): haverá matinês no domingo (22/02), na segunda (23) e na terça (24), sempre a partir das 16h.

Cubango
No Cubango os moradores vão cair na folia de 21 a 24/02, na Rua Luis Mattos, no cruzamento com a Rua Noronha Torrezão, das 19h às 03h.

Cafubá
No Cafubá, o carnaval começa na sexta-feira, dia 20. As ruas Dr. César Fonseca e Dr. Godofredo Garcia Justo (entre as ruas Dr. Heleno de Gregório e Promotor Fernando Matos Fernandes) ficarão fechadas até o dia 23, das 19h às 03h. Já no dia 24, os festejos vão somente até a meia-noite nestas vias.

Pé Pequeno
De 21 a 24 de fevereiro, serão realizadas matinês na Praça Raul de Oliveira Rodrigues, no Largo do Marrão, das 18 às 22h. A festa contará com banda tocando marchinhas de carnaval e também com o animador cultural Léo Batalha. A criançada vai poder se divertir em brinquedos, como piscina de bolinhas, pula-pula e cama elástica.

Piratininga
O carnaval acontece na Avenida Almirante Tamandaré, no trecho entre as ruas jornalista Umbelino Silva e Pietro Farsoun, de 21 a 24 /02, das 19h às 23h.
Folia também na Av. Acurcio Torres, no trecho entre as ruas Milton Rocha e Dr. Marcolino Gomes Candau, de 21 a 24/02, das 20h às 04h.

BLOCOS:

Dia 17
Bloco Loucos Pela Vida - bloco do Hospital psiquiátrico de Jurujuba. Concentração às 14h, em frente o hospital, na Praia de Charitas.

Dia 20
Bloco Dominó - Concentração, às 18h, na Rua Geraldo Martins, entre as ruas Cinco de Julho e Mariz e Barros. O bloco sai às 21h e desfila pela Avenida Sete de Setembro, Av. Roberto Silveira e Rua Cinco de Julho.
Bloco da Camisinha - Concentração, às 19h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco sai às 22h.

Dia 21
Bloco do Cantusca - Concentração, às 12h, na Av. Visconde do Rio Branco, em frente ao Clube.
Bloco dos Cabritos - Concentração, às 16h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco sai às 18h.
Bloco da Amizade - Concentração às 16h, em frente a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na Rua Hélio da Silva Carneiro, nº 78, em São Francisco.
Bloco Maresia – Concentração, às 20h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid.

Dia 22
Bloco Xô Xô ta Suja - Concentração, às 16h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco sai às 18h.
Bloco Caximblema - Concentração, às 18h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco sai às 20h.

Dia 23
Bloco do Barril - Concentração, às 16h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco desfila, às 18h.

Dia 24
Bloco Arrasta Tudo - Concentração no Clube Humaitá, na Rua Guimarães Júnior, às 13h. O bloco desfila pelas ruas General Castrioto, Dr. March e Dr. Luiz Palmier.
Bloco dos Talentosos - Concentração, às 17h, na Estrada Velha de Maricá, no trecho entre a RJ 106 e Rua Jorge Rachid. O bloco sai às 18h.

Dia 01/03
Bloco do Peixe - Fechando o Carnaval de Niterói, se concentra, às 11h, em frente ao Mercado São Pedro, no Centro.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

As demissões da Embraer - um "bode na sala"

O desastre aéro
Blog do Luís Nassif - 20/02/2009 - 07:50
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/02/20/o-desastre-aereo/

Francamente não entendi a postura da Embraer, nesse episódio de demissão de 20% de sua folha de salários.

A crise é braba, um dos setores mais afetados é a aviação. Como a Embraer trabalha com encomendas de longo prazo, é mais fácil prever os próximos anos. E a tormenta dve ter vindo pesada, para uma atitude tão drástica.

O que causa espécie é o fato de não ter buscado novas alternativas. Essa atitude drástica traz um conjunto enorme de perdas adicionais para a empresa.

Perde mão de obra especializada, difícil de preparar – apesar dos engenheiros terem sido poupados. Mais importante que isso, compromete uma relação com a comunidade e com os funcionários que foi construída ao longo de décadas.

Ontem, a televisão entrevistava alguns desses demitidos. Ainda atarantados, pessoas com trinta anos de Embraer faziam questão de elogiar a empresa, dizer que a Embraer fazia parte de sua vida, do orgulho que era trabalhar na empresa. Como toda pessoa que se sente traída, o próximo sentimento a aflorar será o de raiva.

Em muitos lugares, se procuraram soluções intermediárias, como suspensão temporária do contrato de serviço. Poderia haver um programa de realocação dos funcionários, a possibilidade de orientá-los a montar pequenas empresas de prestação de serviço. A própria Embraer tem um trabalho exemplar com a prefeitura de São José dos Campos e com a comunidade.

Em si, o episódio já choca, por ser o maior caso de demissão coletiva da moderna história das empresas brasileiras, talvez equiparável apenas ao da CSN ou outras empresas privatizadas nos anos 90. A seco, choca mais ainda.

Vou tentar conversar com a empresa durante o dia para entender suas razões.

***

Meu Comentário

Caro Nassif,

Não sou da região, sou economista e sempre trabalhei em chão de fábrica na área de custos,mas tenho inúmeros amigos por lá, que passam as informações.
Na matéria vc parece supreso com a medida da Embraer, mas para mim não é. A Embraer fez o que anda fazendo a algum tempo, agindo de força, subterfugios e guerrilha com o movimento operário da cidade de São José dos Campos.

A Embraer apesar dos lucros recordes de 2008, está já a alguns anos, porém intensificado ano passado, num cabo de guerra com o Sindicato de Metalurgicos de São José dos Campos. Esse sindicato é um dos mais combativos e organizados do novo movimento sindical brasileiro, erguido após as privatizações e a abertura econômica dos anos 90.

Não é um sindicato que agi como aqueles da Força Sindical ou da CUT pós-Lula que a qualquer pressão aceita "entregar os pontos", mas também não é que "peita por peitar" as empresas, por essa razão é muito respeitado pelo empresariado. Conseguiu arrancar das empresas muitas garantias e ano passado enfrentou uma campanha orquestrada pela Embraer e com apoio da Prefeitura da cidade e das montadoras de automoveis da região, que consistia em forçar a implantação do banco de horas, sob a ameaça de transferência de postos de trabalho para outras cidades, justo num momento de bonança da economia. O resultado dessa campanha foi a derrota pois esbarrou na resistência do sindicato.

Agora, a Embraer, ao meu ver, quer pôr o "bode na sala", fazer um grande estrago, com as demissões, e depois forçar negociar com o sindicato, recuando com as demissões, mas conseguindo a redução dos salários, suspensão de contratos ou mesmo o banco de horas.

Há também outro coisa rolando na cidade, as eleições do sindicato estão bem próxima, e parece que haverá uma chapa de oposição apoiada secretamente pelos empresários. Acho que a medida da Embraer visa impactar o imaginário dos filiados do sindicato, criando "um clima" de que é preciso trocar a direção para melhorar as "relações com a patronal".

Infelizmente, esse é o tipo de compartamento de nossa patronal no Brasil.

Agradeço pelo espaço.

Frase do dia

Frase do dia é uma frase que eu ouvi de um amigo a vários dias atrás, mas que lembrei hoje após assistir uma matéria em um telejornal matutino sobre as vergonhosas demissões na Embraer.

A Embraer, empresa privatizada, que é a 3a maior empresa aeronaútica do mundo, atrás apenas da estadunidense Boieng e da européia Airbus, e que em 2008 teve lucros recordes, mas não foram repassados em época aos seus funcionários, mas por outro lado, no primeiro "susto", demitem.

A frase é:

Na crise é quando lembramos que a economia é importante.

Onde achar sobre E. Preobrazhensky na internet (vol. 2)

por Almir Cezar Filho

Continuando a postagem de links da internet sobre a vida e obra do economista bolchevique Evgeny Preobrazhensky (1886 - 1937).

Apresento uma nova seleção de links interessantes sobre esse teórico marxista, temos aqui um texto do próprio, e alguns artigos que comentam sobre sua obra e vida. Dei atenção especial dessa vez ao debate de Preobrazhensky e Trotsky sobre a teoria da revolução permanente, e quais contribuições a análise marxista sobre revoluções proletárias na atualidade.

* link do artigo "Life and works of Evgenii Alekseevich Preobrazhenskii"

O artigo Life and works of Evgenii Alekseevich Preobrazhenskii (Vida e obras de Evgeny Alexsevich Preobrazhensky) por M.M. Gorinov and S.V. Tsakunov - em inglês. Um artigo completo sobre vida, bibliografia e contexto histórico.
Clique aqui: http://members.optushome.com.au/spainter/Preobrazhenski.html

* Link da resenha de "A Crise da Industrialização Soviética"

Link da resenha no Wikipédia em português do livro "A Crise da Industrialização Soviética: ensaios selecionados" - uma coletânea de artigos do economista russo e bolchevique Ievguêni Preobrajenski, selecionado por Donald A. Filtzer e traduzido em língua inglesa e publicada em 1979.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Com a crise: a queda de dois mitos

Com a crise econômica houve a queda de dois mitos do capitalismo contemporâneo, dentro da série de mitos que vêm caindo - vivemos em um momento iconoclasta.

Todos devem se lembrar de Donald Trump, aquele mesmo, magnata com penteado engraçado, que é o astro do programa de televisão dos EUA de estilo "reality show", equivalente ao brasileiro, O Aprendiz e O Sócio. Nesse programa, enquanto ele selecionava novos executivos para suas empresas, e doutrinava o público no neoliberalismo. Trump era o símbolo de sucesso almejado pelas pessoas. Contudo, com a crise, Trump foi obrigado, e pela terceira vez, a pedir concordata.

Outro mito, era do ajuste fiscal pelos Estados Nacionais. Os países centrais, a começar pela Europa estão diante do dilema, de manter esse "pilar" do neoliberalismo, ou ampliar o gasto público, tanto para resgatar bancos e grandes empresas como para proteção social, previdência, seguro-desemprego e programas de renda-mínima , ie, minimizar os efeitos da crise. Com isso, estão violando aquilo que pregaram na década de 1990 e 2000, que imporam essa mesma visão também aos países periféricos.




Trump: US$ 1,74 bilhão em dívidas
Monitor Mercantil online, 17/02/2009 - 15:02

A Trump Entertainment Resorts Inc. - do investidor Donald Trump (foto), que detém 28%de participação da empresa - entrou com pedido de proteção contra credores no Tribunal de Falências de Nova Jérsei. É a terceira vez que a empresa de cassinos recorre ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA.

- Estamos focados no objetivo de reestruturar a empresa a fim de reduzir o endividamento e fortalecer nosso balanço durante um período de economia difícil 0 alegou Mark Juliano, executivo-chefe da empresa. Para ele, o pedido de proteção contra credores não terá impacto nas operações diárias da empresa e não deve afetar nem a filosofia nem a estrutura operacional.

De acordo com o documento arquivado no tribunal de falência, a Trump Entertainment Resorts possui US$ 1,74 bilhão em dívidas e US$ 2,06 bilhões em ativos.

***

Adeus, ajuste fiscal!
Monitor Mercantil online, 17/02/2009 - 21:02
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=57826

Crise obriga a Europa a abandonar seus dogmas. Já Brasil corta R$ 37 bilhões

A Europa, que há muito já não cumpria, começa a rasgar, na prática, o Acordo de Maastricht, que criou o euro e limita a 3% do produto interno bruto (PIB) o déficit nominal dos países que compõem a União Européia (UE).

De acordo com o ministro do Orçamento da França, Eric Woerth, o déficit público no país vai superar os 4,4% do PIB, em 2009, e o da Seguridade Social ficará próximo de 15 bilhões de euros.

Woerth afirmou que "uma nova série de anúncios", para "ajudar as populações atingidas de forma mais dura pela crise", especialmente "em favor dos jovens", serão conhecidas amanhã (quinta-feira), após a reunião com o presidente da França, Nicolas Sarkozy,

Enquanto isso, o Brasil ainda resiste a baixar juros e ainda determinou o bloqueio de R$ 37,2 bilhões dos gastos livres do Executivo previstos no Orçamento da União. Deixarão de ser executados R$ 22,6 bilhões em custeio e R$ 14,6 bilhões em investimentos.

"O déficit francês, apesar de ser superior ao teto previsto no acordo, não é um déficit grande, em particular em momentos de crise econômica, quando os déficit naturalmente aumentam. EUA e Japão possuem déficits muito maiores, e não geram qualquer problema", comenta o economista Gustavo Santos, da Associação de Funcionários do BNDES (AfBNDES).

Ele classifica como "muito salutar" o aumento da proteção social, especialmente para jovens, nos momentos de crise: "O desemprego é um grande mal social, especialmente nas camadas mais jovens. A França não deve ser tímida nas políticas fiscais e sociais de proteção social e recuperação econômica, mesmo porque o déficit dela não é nada preocupante", ratificou.

Roteiro dos blocos do carnaval do Rio

No blog Atualidades Críticas vocês poderam ver o roteiro dos blocos de carnaval que irão sair esse ano na cidade do Rio de Janeiro.


http://atualidadescriticas.blogspot.com/2009/02/roteiro-completo-dos-blocos_6425.html

Boa folia momesca para todos nós!

Frase do dia

Iniciando a seção frase do dia:

Encontrei essa numa comunidade do orkut que sou membro. Essa comunidade é dedicada a uma importante figura do jornalismo econômico na mais importante veículo de comunicação do país.

A frase era a intervenção de alguém no forúm, e o tema era sobre essa figura e a crise econômica mundial.

e agora Miriam???o estado deve salvar meia dúzia de empresas neoliberais que lutam pela nao intervençao do estado???retórico n???

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Queda na Selic não foi repassada aos clientes, e ainda favoreceu os bancos

A redução da taxa Selic, decidida pelo Banco Central, em janeiro, ao invés de ser repassada aos clientes dos bancos, pela redução das taxas praticadas, na verdade, está sendo usada para amplir seus lucros.
A Selic é a taxa básica da economia, aquela onde o Banco Central, empresta dinheiro aos bancos, para eles poderem emprestar aos clientes pessoas físicas e jurídicas no consumo e no investimento. Os bancos lucram na diferença entre a taxa Selic e a taxa aos clientes - essa diferença chama-se spread bancário.
O que vimos, com a queda da Selic, ao invés da redução do juros finais foi o aumento do spread. O que os ideologos dos bancos justificam é que não houve repasse da redução da taxa Selic porque os bancos temem, com a crise econômica, um aumento na inadimplência, o que obriga os bancos a se previnirem ou compensarem os prejuízos com os maus pagadores, com taxa de juros relativamente mais altas. Mas, não é verdade, não houve e não há no cenário aumento na inadimplência.
O que os bancos querem é ampliar seus lucros, com a proteção do Banco Central e do presidente Lula, que nada fazem para pressionar os banqueiros.





Selic: redução não levou bancos a cobrar menos de clientes17/02/2009 - 12:02
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=57776

A redução da taxa básica de juros, a Selic, ainda não levou os bancos a cobrarem taxas mais baixas dos clientes, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 1 ponto percentual, de 13,75% para 12,75%. Segundo a Anefac, se forem consideradas todas as quedas e elevações da taxa básica de juros desde setembro de 2005, houve redução da Selic em sete pontos percentuais (queda de 35,44%). Em setembro de 2005, a Selic estava em 19,75% ao ano.

Neste período de setembro de 2005 a janeiro de 2009, a taxa de juros média para pessoa física apresentou redução de 1,07 ponto percentual (queda de 0,76%), ao passar de 141,12% para 140,05% ao ano. Segundo a Anefac, nas operações de crédito para pessoa jurídica (empresas) houve elevação de 0,19 ponto percentual (0,28%), de 68,23% para 68,42% ao ano.

"Apesar de não se justificarem, altas podem ser atribuídas à maior preocupação das instituições financeiras com a inadimplência", diz a Anefac.

***

Mas, outra matéria nega essa justificativa da Anefac. Houve nos últimos meses redução da inadimplência.

Inadimplência dos consumidores cai 1,5% em janeiro
da Folha Online 12/02/2009 - 16h08
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u502937.shtml

A inadimplência dos consumidores registrou queda de 1,5% em janeiro na comparação com dezembro de 2008, apontou o Indicador Serasa Experian de Inadimplência de Pessoa Física. Em relação a janeiro do ano passado, porém, a inadimplência mostrou alta de 12,7%.

Segundo a Serasa, trata-se praticamente do mesmo ritmo verificado entre dezembro de 2008 e dezembro de 2007 (aumento de 12,8%), "sinalizando estabilidade na evolução da inadimplência nestes últimos dois meses".

Outro dado divulgado hoje, mas pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), apontou que o nível de endividamento do paulistano caiu 7 pontos percentuais em fevereiro e atingiu o menor patamar desde o início da pesquisa, em 2004. De acordo com a entidade, os consumidores estão mais cautelosos em razão das incertezas sobre os efeitos da crise financeira mundial.

Para os técnicos da Serasa, "as férias, a menor demanda e a retomada gradual do crédito colaboraram para a queda de 1,5% da inadimplência dos consumidores em janeiro de 2009, na relação com dezembro de 2008".

Já o aumento da inadimplência verificado na comparação janeiro 2009/2008 "reflete não apenas o acentuado crescimento do crédito às pessoas físicas, registrado em 2008, como também o impacto da crise financeira internacional sobre a política de concessão de crédito por parte das instituições financeiras".

Ranking

No ranking de representatividade, a inadimplência em janeiro de 2009 foi liderado pelas dívidas com os bancos, com 43,6% de participação, ante 42,6% em janeiro de 2008.

Em seguida, estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, com representação de 36,8%, ante 31% no mesmo mês do ano passado. Os cheques devolvidos aparecem na terceira colocação do ranking, com 17,7% de participação, abaixo dos 24% registrados em janeiro de 2008. Os títulos protestados, com representação de 1,9%, fecham a lista.

Em relação ao valor médio das dívidas, os débitos com bancos em janeiro eram de R$ 1.417,36, elevação de 2,8% na comparação com janeiro de 2008. Já as dívidas com cartões de crédito e financeiras somaram valor médio de R$ 402,63, alta de 13,6% na mesma comparação.

Os títulos protestados, por sua vez, registraram em janeiro de 2009 um valor médio de R$ 1.010,47, 8,2% acima do valor de 2008. Por fim, o valor médio dos cheques devolvidos foi de R$ 824,06, aumento de 30,6% quando comparado com janeiro de 2008.

Onde achar sobre E. Preobrazhensky na internet

por Almir Cezar Filho

Recentemente um amigo me pediu dicas de onde achar na internet informações sobre a vida, as teorias, e mesmo, obras do economista bolchevique Evgene Preobrazhensky.

Preobrazhensky é um autor que ando pesquisando muito nos últimos 3 anos, é junto de Isaac Rubin e Roman Rosdolsky o ápice da Economia Política marxista e é fundamental para o resgate da capacidade de entendimento do Marxismo sobre o mundo contemporâneo e o desenvolvimento de novos rumos.

Links importantes sobre Preobrazhensky:

OBRAS DO AUTOR

  • Livro "ABC do Comunismo"
Link do livro de Preobrazhensky e Bukharin - "ABC do Comunismo", 1920
http://www2.cddc.vt.edu/marxists/portugues/bukharin/1920/abc/index.htm

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Trivial - videoclipe "Fuscão Preto"

Início aqui uma seção trivial.
O primeiro trivial é o vídeoclipe da música de Almir Rogério, meu xará,um dos ídolos do brega nacional: Fuscão Preto.

Esse videoclipe conta com a participação da Xuxa, antes de virar apresentadora infantil. O vídeo está no youtube e a letra.

Itália insulta o Brasil no caso Battisti, diz filósofo italiano Toni Negri

Matéria no UOL Notícias, hoje 15 de fevereiro

A Itália adota uma postura "insultante" com o Brasil no conflito em torno do ex-ativista Cesare Battisti, porque não se trata de um país desenvolvido, e mente quando diz que vivia um Estado de Direito nos anos 70. A análise é do filósofo italiano Antonio Negri*, que passou mais de dez anos preso por seu envolvimento com a militância de esquerda na Itália.
Há uma campanha de perseguição política tramada pelo governo Berlusconi aos antigos ativistas político de esquerda dos anos 70.

UOL - O que significa esse "exemplo"? A punição de Battisti resolveria a questão da violência na Itália nos anos 70?

Negri - Precisamente. Resolveria em dois sentidos: por um lado, se recupera aquilo que eles chamam 'um assassino'; e por outro se esquece aquele que foi um Estado de Exceção, que permitiu a detenção e a prisão preventiva de milhares de pessoas durante estes anos. É necessário recordar que nos anos 70 o limite jurídico da prisão preventiva era fixado em 12 anos. É necessário recordar o uso da tortura e de processos sumários inteiramente construídos sob a palavra de presos aos quais era prometida a liberdade em troca de confissões. Este foi o clima dos anos 70. E não nos esqueçamos que nos anos 70 houve 36 mil detenções, seis mil pessoas foram condenadas e milhares se refugiaram no exterior. E se há quem duvide desses números, e que quer continuar duvidando, basta que deem uma olhada nos relatórios da Anistia Internacional naqueles anos. Portanto, essa é uma questão muito séria. O caso Battisti é, na verdade, um pobre exemplo de uma estrutura, de um sistema no qual a perseguição, insisto na palavra 'perseguição', era acompanhada por enormes escândalos na estrutura política e militar italiana. Houve uma construção, principalmente por meio de uma loja maçônica chamada P2, de uma série de atentados dos quais ainda hoje ninguém sabe quem foram os autores, atentados que deixaram milhares de mortos, por parte da direita. E o governo italiano nunca pediu, por exemplo, que o único condenado por estes atentados seja extraditado do Japão, onde se refugiou. Existe uma desigualdade nas relações que o governo italiano mantém com todos os outros condenados e refugiados de direitas que é maluca. O governo italiano é um governo quase fascista.


(*) Antonio Negri, 75, é um filósofo italiano, professor da Universidade de Pádua (Itália) e do Colégio Internacional de Paris (França). Entre os anos 50 e 70, participou dos movimentos de esquerda na Itália, condenando tanto a direita quanto o stalinismo. Esteve preso entre 1979 e 1983, depois se exilou na França por 14 anos. Condenado por subversão, o filósofo voltou para a Itália em 1997 e cumpriu pena até 2003. Atualmente, divide seu tempo entre Veneza e Paris, cidades onde desenvolve atividades acadêmicas. Negri é co-autor, com Michael Hardt, do livro "Império", publicado no Brasil em 2001 e umas das obras mais importantes e polêmicas sobre o processo de globalização. Com Giuseppe Cocco, publicou "Global - Biopoder e Luta em uma América Latina Globalizada", em 2005.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Economia Participatória

Nas minhas pesquisas me deparei com artigos na internet falando sobre ParEcon, sigla em inglês para Economia Participatória ou Participativa, uma proposta de sistema econômico alternativo ao capitalismo. A enfase é na crítica e alternativa ao mecanismo alocativo de recursos e produtos pelo mercado capitalismo.
Há uma pitada de anarquismo e pensamento libertário. Mas é muito interessante dar uma olhada em seus conceitos teóricos e na crítica a alegada eficiência e superioridade do livre-mercado como mecanismo alocativo da economia. Essa crítica é importante no momento atual onde os Estados estão entrando para corregir os erros gerados pelo mercado, manifesto na crise econômica global.


08 2005

Economia Participativa

Michael Albert

http://eipcp.net/transversal/0805/albert/pt

Transcription of a video by O. Ressler, recorded in Woods Hole, U.S.A., 37 min., 2003.
This Portuguese translation is only a fragment. If you are interested in the whole text please read the Spanish or English version.

Qualquer economia tem que encarar a alocação e essa é a parte mais complicada. O resto só parece difícil, por se tratar de uma idéia diferente daquilo a que estamos acostumados mas não é complicado. A alocação pode se tornar complicada. Cada empresa tem que receber insumos com os quais ela faz sua produção. Como se determina o que a empresa recebe e o quanto produz?
Como se determina o que eu vou consumir? Quais, entre muitas variáveis de opções eu vou consumir, e quanto? Como se determinam os valores relativos dos muitos itens disponibilizados? Por que uma cadeira vale 14 e não 12 camisas? O que determina estas coisas?

A resposta é o sistema de alocação. Os 2 mais típicos sistemas de alocação. empregados nas economias, às vezes em combinação, são: Mercados, em que compradores e vendedores competem. Literalmente, um tenta passar à frente do outro. Quando o comprador ganha, o vendedor perde e quando o vendedor ganha, o comprador perde é uma dinâmica competitiva. O planejamento central é uma dinâmica em que existe um grupo de pessoas um aparato de planejadores centrais que decide os recursos e a produção de cada unidade. No sistema de mercado é a dinâmica competitiva entre compradores e vendedores que decide paulatinamente, os recursos e a produção. A economia participativa tem, em seu âmago um sistema diferente de alocação que é chamado de planejamento participativo. É difícil descrevê-lo de forma sucinta. Mas a essência da idéia não é complicada.

Conselhos de trabalhadores, como indivíduos grupos, equipes, conselhos e mercados em si consumidores, como indivíduos e grupos pois muito se consome de forma coletiva. Por exemplo, um parque é algo de consumo coletivo as estradas, o ar, se há poluição ou não são itens de consumo coletivo, e afetam grupos.
Assim, indivíduos e grupos em conselhos de consumidores. O que deve existir?

Um tipo de comunicação entre consumidores, organizados como indivíduos, grupos e conselhos, e os trabalhadores. No planejamento central, a comunicação é feita assim: Um planejador central emite instruções. As pessoas respondem se podem cumpri-las. Instruções são emitidas, e o retorno é a obediência. É um sistema autoritário. No sistema de mercado, cada ator propõe uma ação mexendo com os preços, num esforço para extrair tudo que puder, o máximo lucro possível empregados tentam extrair o maior salário possível compradores tentam comprar o máximo possível pelo menor preço, e assim por diante. No planejamento participativo, o que é difícil descrever os consumidores propõem o que desejam fazer e trabalhadores propõem o que desejam fazer. Cada um está em posição, graças à essa estrutura de julgar, ver e entender a proposta do outro. Na segunda rodada, em sua essência cada um altera sua proposta, à vista da resposta que receberam da economia em seu todo. E há uma terceira e quarta rodadas mas há o planejamento, um esforço consciente para se determinar os recursos e as produções. Mas é um tipo de planejamento negociado de forma cooperativa, entre todos os atores. Vou tentar descrever a dinâmica.

Na empresa capitalista você tenta vender o máximo possível e aumentar o faturamento e pode receber uma participação do lucro e o dono quer lucrar ao máximo possível. Se vendemos livros, e as pessoas os usam para prender portas, em vez de ler, tudo bem. Quem se importa? O objetivo é vender não importa se é valioso ou útil como leitura. Anunciamos que um livro vai melhorar sua vida sexual mas o tema do livro é pescaria, tudo bem. É assim com roupas, e com todo o resto. Isso não faz qualquer sentido. Em uma economia, não se deveria fazer algo que não atenda às necessidades. O correto seria produzir mais apenas se atende a anseios das pessoas. Você não deveria gastar seu tempo num trabalho se isso não vai atender aos anseios das pessoas. É o mesmo que encher valas com terra ou, pior ainda, pode deixar as pessoas angustiadas. Você quer um sistema econômico em que os reais custos e benefícios sociais se vou fazer algo, quais são os reais custos e benefícios? Como vou ajudar as pessoas? Como isso vai agradá-las? E qual será o custo, seja no uso de recursos ou como poluição, e outros efeitos adversos?
Todos os custos e benefícios devem ser contabilizados.

O planejamento participativo é um sistema que contabiliza os reais custos e benefícios e deixa que os atores, trabalhadores e consumidores influenciem as decisões, ou permite isso na proporção que serão afetados por elas. Como resultado final, uma fábrica produz X livros bicicletas, camisas, seja o que for. A pessoa Michael consome X camisas e outros itens e trabalha num volume X, num emprego equilibrado e o resultado do plano estará de acordo com nossos anseios, gostos, preferências respeitando os efeitos no meio ambiente efeitos em grupos sociais, e assim por diante. É isso que o planejamento participativo realiza através de uma negociação cooperativa com intercâmbio de dados e preferências entre conselhos.

E se houver uma economia participativa num país e uma economia capitalista em outro país? Depende: Se há uma economia participativa num país pequeno, e capitalismo nos EUA os EUA vão esmagar esse país pois isso servirá como exemplo. Os EUA não querem esmagar um país mas fariam isso para evitar que ele realize sua meta o que mostraria ao mundo que é possível organizar uma economia de forma humana e benéfica, onde o homem atinge seu potencial e respeitam-se os valores almejados. Os EUA não querem isso. Se um movimento chegasse perto de criar uma economia participativa, no Brasil, Argentina ou em duas outras centenas de países haveria uma enorme pressão internacional para se resistir e reverter esse processo por parte dos EUA, Europa e outros. Mesmo se o movimento crescesse na França ou Itália mas não simultaneamente em outros lugares também haveria enorme pressão internacional não da Argentina ou Brasil, mas sim dos EUA. É isso que define o imperialismo. A possibilidade de impedir que a pressão tenha efeito dependerá da população dos EUA da Alemanha, e do resto da Europa, etc. Movimentos nesses países tentarão impedir que movimentos em outros países sejam esmagados pelos EUA.

A economia participativa não surgirá nos EUA ou Cuba, África do Sul, seja onde for daqui a uma semana, um mês, ou mesmo daqui a um ano. Isso vai levar tempo, e a questão é: De que adianta ter esta visão em nossas mentes?
Eu creio que faz muita diferença.

Vou citar duas razões para explicar isso. As pessoas perguntam: No que você acredita? Creio que perguntam isso por uma boa razão. Basicamente, elas estão nos dizendo algo assim: Se você quer que eu apoie um movimento contra a gravidade, eu diria que você é louco "Vai trabalhar você não me entende" diria a pessoa, reagindo à visão. E eu entendo isso, se eu fizesse um belo discurso sobre o quanto a gravidade nos limita ou que envelhecer é um processo que nos mata dizendo: "Apoie meu movimento antigravidade" ou "Me apoie na luta contra o envelhecimento" as pessoas ririam de mim, dizendo: "Vai trabalhar!" "Encare os fatos!" E admito que elas estariam corretas. É isso que elas dizem quando eu conclamo: "Apoie nosso movimento contra a exploração apoie nosso movimento contra a pobreza apoio nosso movimento contra guerra ou racismo." Muitos dizem: "Encare os fatos!" Eles não dizem que não existem guerras ou pobreza, todos sabem que há guerras e pobreza assim como sabemos que há envelhecimento e gravidade. Todos sabem que envelhecer nos destrói. Mas ninguém se junta a um movimento contra isso. E ninguém apoia movimentos contra guerra ou pobreza pois comparam isso à gravidade ou ao envelhecimento, como coisas inevitáveis. Não existe alternativa seria impossível viver neste planeta sem pobreza, guerra, ou racismo é assim, ponto final, "Encare os fatos!"
"Siga em frente e aceite a realidade inevitável."

Uma visão pode desfazer esse cinismo.
Margaret Thatcher disse: "TINA", ou "não há alternativa". Podemos desfazer esse cinismo e não basta retrucar: "Sim, há uma alternativa!" Isso não é o bastante, nem é convincente pode convencer a mim e a você, mas não a 150 milhões ou 3 bilhões de pessoas. As pessoas precisam mais do que isso, de forma real.
Precisam de uma visão, que lhes dê esperança e a sensação de que algo melhor é possível.

Por que isso é importante? Se eu trabalho muito, e tenho pouco lazer e alguém me convida a apoiar um movimento "Gaste o pouco tempo que você tem ou pelo menos uma parte dele, lutando." É a palavra usada, luta, "a luta do movimento" e é verdade, é uma luta! "Isso envolve riscos, mas junte-se a nós." Por que devo fazer isso? Se acredito que essa luta parece ter poucas chances de vingar e, mesmo que vingue, este é um ponto vital mesmo que vingue ela será revertida. Eu entendo a mensagem do movimento há 30 anos. Capitalismo é poderoso e exerce pressões que controlam e determinam tudo. Queremos maiores salários, e o capitalismo retrocede. Buscamos melhores condições, o capitalismo retrocede. Queremos mais democracia, o capitalismo retrocede, etc.

Se eu acredito nisso, por que perder tempo? Alguns dizem que certas lutas valem a pena nos EUA dizemos: "Fight the good fight" "Lute com o Mike Tyson, e leve a maior surra." "É uma boa luta, você vai perder, mas é o certo." A maioria não quer "lutar essa boa luta." Você não quer lutar à toa, prefere estar com sua família não vai sacrificar o bem-estar de sua família e perder tempo numa luta em que você vai perder! Precisamos de uma visão, não por ser uma "boa luta" mas sim porque é lutar por algo real. Também precisamos de estratégia. Precisamos transmitir uma imagem: A participação das pessoas trará benefícios imediatos e duradouros, que nos levarão a um novo mundo. Essa é uma parte da razão emocional ou psicológica.
Mas há outra razão para precisarmos de uma visão que é orientar nossas ações.
Podemos buscar um novo mundo e acabar com algo que não queríamos.
E isso já aconteceu muitas vezes. Uma das razões para definir o que você realmente quer é que o processo, a luta, ou a estratégia usada devem levar você à meta almejada e não a uma história de terror. Isto é muito importante, a economia participativa tem implicações no que se refere à organização e criação de nosso movimento. Como deve ser a divisão do trabalho nesse movimento? Como os complexos equilibrados de emprego isso deve nos levar a uma economia desejada e não replicar as hierarquias existentes. Não devemos ter normas de remuneração nas bases atuais, e sim como novas normas na forma desejada, com base no que aprendemos e que nos levarão à meta desejada.

Queremos poder dizer, em relações internacionais que as exigências do FMI, do Banco Mundial, etc. não devem apenas beneficiar as pessoas também devem nos dirigir à meta desejada. E uma visão pode oferecer motivação pode oferecer esperança formar compromissos, e também orientar.

É a forma de saber, considerando nossa meta aquilo que deveremos fazer. É como ir ao aeroporto, com o desejo de partir mas sem saber aonde você vai chegar. Você diz: "Quero uma passagem!" Você dá o dinheiro, recebe a passagem entra no avião, e chega a um lugar ainda pior. Isso não faz sentido, você deve saber que deseja partir, e para onde quer ir pelo menos de uma forma genérica.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Berlusconi esconde Jorge Troccoli.

Do http://abobrinhaspsicodelicas.blogspot.com

O que a "imprensa livre" brasileira não mostra: o caso Jorge Troccoli.

Nas últimas semanas, o caso Cesare Battisti vem ocupando um grande espaço nos principais "veículos de comunicação" do país e a cobertura dada ao mesmo - para variar - tem sido extremamente tendenciosa. De modo geral, a grande imprensa brasileira tem feito coro às alegações do governo italiano de que o Brasil está concedendo o status de refugiado político a um "terrorista", condenado por quatro homicídios, em seu país natal.

No entanto, esta mesma imprensa - que se diz neutra, livre e isenta - esquece deliberadamente um episódio ocorrido no ano passado na "democrática" Itália e que merece ser lembrado, no momento em que acontece este contencioso entre o Brasil e o governo do Sr. Berlusconi: o caso do militar uruguaio Jorge Troccolli. Capitão da marinha uruguaia, Troccoli teve uma atuação bastante ativa na tristemente famosa “Operação Condor” (que contou com a participação das ditaduras militares do Uruguai e de outros países sul-americanos), tendo sido responsável pela tortura e morte de mais de uma centena de opositores desses regimes, entre 1975 e 1983. Em 2002, o governo do Sr. Silvio Berlusconi – em sua segunda passagem pela chefia do gabinete de ministros da Itália - concedeu cidadania italiana ao Capitão Troccoli, mesmo sabendo das acusações de crime contra a humanidade que pesavam contra ele.

Em setembro do ano passado, o ministro da justiça da Itália, Angelino Alfano, negou-se à extraditar Troccoli para o Uruguai, alegando que ele é cidadão italiano, tomando como base jurídica um tratado assinado entre os dois países em 1879. Portanto, o mesmo governo que nega-se a extraditar um notório torturador, utilizando dessas filigranas jurídicas, é o mesmo que se considera ofendido pela não-extradição de Battisti, que seguiu todas as normas da legislação brasileira, que por sua vez se baseia em uma série de convenções internacionais.

A mídia golpista brasileira, interessada em atacar o governo Lula, opta por dar razão a um governo com notórias ligações com grupos neo-fascistas e com o crime organizado na Itália, como é o governo Berlusconi, ao invés de cobrir o caso Battisti com a isenção que seria necessária. E se é para dar opiniões pessoais e subjetivas - que é o que tem feito a maior parte dos principais articulistas da grande imprensa - eu prefiro concordar com a bela Carla Bruni, que apóia Battisti, do que com a deputada neo-fascista Alessandra Mussolini (neta do próprio), que faz parte da base de apoio de Berlusconi!!

Maiores informações sobre o caso Troccoli podem ser encontradas em um artigo publicado recentemente no jornal italiano "l'Unità".

O link é: www.unita.it/news/80861/troccoli_il_battisti_uruguayano

****

Comentário

Queria acrescentar outro elemento importante a discussão, o fato de que o governo da Itália, presidido por Berlusconi, megamagnata da mídia italiano, num nível de quase monopólio, incita a imprensa italiana contra Battisti e o Brasil. A uma postura sensacionalista, para desviar a atenção da opinião pública local ao verdadeiros problemas do país, como a crise econômica, a corrupção do governo, etc. Um governo que tem como componentes partidos racistas, como a Liga Norte, e fascitas, como Unidade Nacional, neoliberais, e fina-flor da coronelismo político italiano.

Berlusconi faz a mesma coisa com o caso daquela moça com morte vegetativa, que a família conseguira na justiça o direito de desligar os equipamentos que a mantinha artificialmente viva. Berlusconi emitiu um decreto-lei específico para tentar impedir o desligamento, tudo para tornar um espetáculo um problema sério, e um drama familiar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

NADA DE MAIS EMPRÉSTIMOS. BANCOS APLICAM R$ 340 BI EM CURTÍSSIMO PRAZO

Sem crédito, com títulos públicos
jornal Monitor Mercantil - 11/02/2009 - 20:02

Quatro meses após o início da vigência das medidas do Banco Central para tentar estimular a retomada do crédito, a liquidez dos bancos brasileiros continua empoçada em volumes muito acima das registradas no período pré-crise.

São cerca de R$ 340 bilhões concentrados em operações de curtíssimo prazo. As mais longas não passam de 50 dias. Em condições normais, boa parte desse dinheiro seria direcionada a financiamentos, conforme analistas consultados pela Agência Estado.

Com o BC insistindo em sustentar o mais alto juro real do mundo e sem nenhuma medida condicionante, os bancos optaram aplicar o dinheiro que deveria ser direcionado para o crédito em títulos públicos.

As próprias projeções para o crescimento das carteiras de empréstimos este ano apontam para opção. A estimativa mais recente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para a expansão do crédito em 2009 é de 16,18%.

"É uma crise de confiança. Bancos ficam mais líquidos para enfrentar incertezas e inadimplência", argumenta o analista da Austin Rating Erivelto Rodrigues.

Nos últimos dias, o BC tem retirado cerca de R$ 100 bilhões diariamente (over) do sistema financeiro com o objetivo equilibrar o custo do dinheiro. Antes do acirramento da crise, o recolhimento era de cerca de R$ 30 bilhões ao dia.

Além das operações diárias, o BC toma recursos por prazo mais longo, de cerca de 30 dias. No entanto, o próprio excesso de liquidez levou o banco a elevar esse prazo entre 40 e 50 dias.

Atualmente, o BC tem R$ 244,842 bilhões em operações com vencimento em 12 de março; a maior parte foi contratada em 22 de janeiro.

As medidas do governo federal para estimular as operações de crédito começaram a ser adotadas no fim de setembro, com a flexibilização das regras de recolhimento de depósitos compulsórios.

Milton Santos e a Globalização

Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá

A partir de uma entrevista feita com o geógrafo Milton Santos em 4 de janeiro de 2001é discutido o tema da globalização e seus efeitos nos países e cidades do planeta.

Premiações: Ganhou o Candango de Melhor Filme - Júri Popular, no Festival de Brasília.

- A entrevista gravada com Milton Santos foi a última audiovisual por ele concedida. Em junho do mesmo ano ele faleceu, devido a um câncer.


http://www.youtube.com/watch?v=vl2TRMHEj9M&feature=related



Sinopse:

A partir de uma entrevista feita com o Geógrafo Milton Santos em 4 de janeiro de 2001 é discutido o tema da globalização e seus efeitos nos países e cidades do planeta.

Ficha técnica:

Título Original: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá Gênero: Documentário
Duração: 89 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2007
Direção: Sílvio Tendler
Roteiro: Cláudio Bojunga, Sílvio Tendler, André Alvarenga, Daniel Tendler, Ecatherina Brasileiro e Miguel Lindenberg
Música: Caíque Botkay
Edição: Bernardo Pimenta

Abraço,
Ed.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A ligação dos 'desenvolvimentistas' com o Marxismo e o impacto da Revolução Russa

Teoria do Desenvolvimento e o Marxismo (2ª parte)

por Almir Cezar Filho

Leia também a 1ª parte: Teoria do Desenvolvimento e o Marxismo

Os desenvolvimentistas acabaram retornando a uma abordagem do marxismo, e da crítica socialista (ricardianos de esquerda, anarquistas, institucionalistas, radicais-liberais, etc). Foram-no, por um lado, muito pela proximidade da conclusão teórica: o ceticismo em acreditar que o livre mercado traria progresso social e material e justiça distributiva ao conjunto da comunidade e a várias regiões do globo. E por outro, porque do ponto de vista teórico o Marxismo em sua crítica (inclusive fundante, até porque, a Economia Política marxista, é também chamada de 'Crítica a Economia Política') é muito mais herdeiro do pensamento clássico da Economia, de Smith, Ricardo, Mill, Stuart Mill, etc, do que os assim chamados neoclássicos. Dessa forma, os problemas do desenvolvimento econômico sempre foram muito mais presente no marxismo do que na Economia convencional.

Os neoclássicos deliberadamente ou não, ignoraram o tema do desenvolvimento. Assim, Os desenvolvimentistas foram, em suma, restauradores no pensamento econômico "burguês", de discussões como acumulação de capital, problemas de distribuição e excedente, ao invés de preocupações como alocação eficiente e escassez. A mais-valia e o sobre-produto marxista são muito mais próximos do desenvolvimentista e do clássico "excedente" do que a "utilidade marginal" neoclássica.

Contudo, para retomarem a abordagem da Economia Política Clássica, foram influenciados, além da realidade objetiva, pelas temáticas, literatura e, até mesmo a militância marxista. Como bem lembra Ronald Chilcote, “Alguns dos fundamentos das várias teorias do desenvolvimento e subdesenvolvimento se encontram nos escritos de Marx, Lênin e Trotski” (Chilcote, 1983:103)

O próprio W. Arthur Lewis, um dos pais do desenvolvimentismo - formando com Hirschmann, W. W. Rostov e Rosentein-Rodan, o quarteto maior da Economia do Desenvolvimento - é-lhe frequentemente apontado uma ligação com o marxismo. Um aspecto, francamente denunciado quanto a isso, é sua visão da sobre-oferta de mão-de-obra nos países capitalistas atrasados, que em muito a categoria marxiana "exército industrial de reserva" deve tê-lo contribuído nesta formulação.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Teoria do Desenvolvimento e o Marxismo - desenvolvimento e Capitalismo de Marx à Teoria Econômica

por Almir Cezar Baptista Filho

Uma das imagens icônicas da Revolução Industrial: uma
das principais transformações sócio-produtivas realizadas
 pelo Capitalismo, e uma das suas próprias etapas.
O ramo da Economia que estuda o desenvolvimento econômico é a Economia do Desenvolvimento. Contudo, essa vertente da ciência econômica, essa Disciplina, só aparecerá em meados e na segunda metade do século XX, e ainda terá que se utilizar da mais importantes críticas formuladas ao Capitalismo, e à própria Economia, pelo Marxismo.

Muitos dos conceitos que as pessoas costumam a se familiarizar nas aulas de História, Geografia e Sociologia sobre Desenvolvimento Econômico não são originais dessas Disciplinas, mas oriundas da Economia, em específico da Economia do Desenvolvimento.

Por sua vez, o Marxismo e o Socialismo ofereceram abordagens, contribuições e experiências práticas aos pensadores em termos de desenvolvimento econômico, independentemente da escola seguida por esses, que serviram de base à formulação de uma Teoria Econômica do Desenvolvimento, tanto por concordância, por assimilação, como por polêmica a ela.

A Teoria do Desenvolvimento Econômico surge no século XX, contrapondo-se a visão Neoclássica na Economia de que o desenvolvimento capitalista se irradia concentricamente ao longo do tempo pelo espaço, trazendo a todos, em algum momento, ao mesmo nível de progresso material, social e cultural dos países capitalistas pioneiros.

Foi nesse momento que se acrescentou a perspectiva de que os países mais atrasados se manteriam atrasados devido características peculiares (institucionais, estruturais, setoriais, etc) não modificadas ao longo tempo, se nada fosse feito. E, ainda que, os países com desenvolvimento atrasado ou atrofiado (subdesenvolvidos) são justamente assim pelo tipo de sua inserção geral no Capitalismo. E, em uma terceira perspectiva, que o atraso interessa aos avançados (o que se pode chamar: “o avanço de uns, deve-se ao atraso de outros”).

O Desenvolvimento para a Ciência Econômica e o momento histórico

O Capitalismo no início do século XX se sentia no auge. Era a Belle Époque. Porém, a riqueza e o comércio internacional do Capitalismo de então e a racionalidade da civilização de tipo burguês não impediram um confronto titânico como foi a Primeira Guerra Mundial. Muito pelo contrário, o fomentaram. Por sua vez, a Grande Guerra mostrou que o papel do Estado intervindo na gestão da economia é uma condição necessária, não apenas em momentos de crise nacional, como ainda transformações sociais podem ser forçadas pelo Estado, inclusive na reedificação nacional, necessária após anos de esgotamento e esgarçamento social. Rompia-se com as ilusões da Economia Neoclássica.

O fim da guerra abriu também para revoluções sociais de gama variada, inclusive a Revolução Russa, com sua vitória da construção de um regime política que não apenas radicalizou o intervencionismo e a luta por transformações sociais de amplo espectro, como pôs em prática os princípios do Marxismo.

Para muitas nações, o Socialismo no século XX foi uma experiência concreta em tentar se livrar do subdesenvolvimento pela via da ruptura e superação com o Capitalismo. Foi a Revolução Russa e a coletivização, repetida décadas depois pelo Leste Europeu e a outros povos, uma grande experiência de transformação econômico-social.

Mas, se discutir o Marxismo seria discutir o Socialismo como Anticapitalismo, por sua vez, abriu o interesse científico, mesmo entre os não socialistas (mesmo aos antissocialistas), de que como afirmava Marx, Engels e os marxistas, haveria leis sociais operando no processo de desenvolvimento nacional e que transformações sociais e econômicas poderiam ser induzidas, controladas, planejadas por ação consciente e pelo Estado.

Mas, se as consequências da Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa foram um ponto de virada, foi preciso um segundo ponto de inflexão na Ciência Econômica para construir a Economia do Desenvolvimento: a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial.

A Crise de 1929 foi um duro golpe para as economias capitalistas desenvolvidas, começando pela dos Estados Unidos, e seus efeitos estenderam-se ao resto do mundo com uma intensidade ainda maior, pois enquanto a recuperação no interior dos grandes países não se verificava (se bem que fosse um fato ao fim de poucos anos) a depressão do comércio internacional e, portanto, seu impacto nas zonas exportadoras, foi muito mais profunda e duradoura. O desemprego espalhou-se pelo mundo em dimensões indescritíveis, e com ela, a polarização política e aposta em projetos rupturistas nas sociedades.

A Segunda Guerra Mundial implicou grande número de países do globo, e o estabelecimento da paz provocou uma situação completamente nova. Os países mais industrializados acharam necessário estabelecer um sistema geral de cooperação econômica que impedisse o parcelamento protecionista do mundo que impera nos últimos anos. Além disso, adotaram-se medidas diversas que tentavam fazer esquecer rapidamente os males da guerra. O Tratado com a Alemanha, do ponto de vista econômico, foi muito mais suave que a as duras condições impostas após 1918.

Paralelamente, o Plano Marshall foi uma eficaz ajuda para que quase toda a Europa Ocidental se recuperasse rapidamente. Aproveitando-se da sua neutralidade, os países subdesenvolvidos independentes iniciaram um processo de industrialização que, posteriormente, procuram consolidar. As colônias, obrigadas a subministrar homens para a Guerra, aprenderam a lição necessária para conseguirem a sua independência, adquirida lenta e paulatinamente numa primeira fase, e de forma massiva até 1960. Se bem que a independência econômica é, pelo menos, uma condição necessária para atingir.

Os conceitos de desenvolvimento

Para se tratar do fenômeno do desenvolvimento, é importante a adoção de uma terminologia apropriada, visto que cada termo pressupõe uma perspectiva do problema e um programa econômico para solucionar. O conceito de desenvolvimento ou crescimento econômico está submetido a matizações variadas.

Num primeiro grupo, figuram as de quantos o consideram como um processo de crescimento que se mede em termos de rendimento por habitante e de produto nacional bruto.

Um segundo grupo de definições inclui aqueles que, a partir de uma periodização do desenvolvimento e por meio de determinadas características, situam cada país num ponto da sequência.

Uma terceira definição, mais ampla, é a que considera o desenvolvimento como “um processo deliberado de mudança social, que tem como finalidade, igualação das oportunidades sociais, políticas e econômicas, tanto no plano nacional, como em relação a outras sociedades que possuem padrões de bem-estar material mais elevado”.

Este processo não tem de seguir obrigatoriamente o mesmo caminho em todas as sociedades, antes dará, em muitos casos, formas de organização política e social distintas.

Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

A ideia de país desenvolvido traz à mente, por oposição, a de país subdesenvolvido. Existe uma corrente de estudioso do assunto que defende a ideia de que os países subdesenvolvidos podem tornar-se desenvolvidos. Para eles, o subdesenvolvimento é – ou pode ser – um estágio anterior ao desenvolvimento.

Outros autores consideram o subdesenvolvimento não como uma etapa anterior ao desenvolvimento, mas como uma situação que pode ser permanente, são eles a geração teórica da teoria do subdesenvolvimento. Além disso, esses autores defendem a ideia de que o subdesenvolvimento da maioria dos países do mundo é a contrapartida do desenvolvimento de alguns países. Desse ponto de vista, portanto a superação do subdesenvolvimento teria de ser buscada em outros métodos, abandonando-se a ideia de um processo evolutivo que levaria naturalmente do subdesenvolvimento ao desenvolvimento. O que proporá geração teórica da teoria da dependência.

Essa controvérsia não nos impede de utilizar uma série de indicadores do subdesenvolvimento, que por sua vez, nos permite caracterizar os países subdesenvolvidos. Esses indicadores são: indicadores vitais, indicadores econômicos e indicadores sociais e políticos. Essa divisão é feita apenas para facilitar o estudo. Assim, não existe uniformidade completa no uso de tal classificação. O que um autor considera como um indicador social, outro pode incluir entre os indicadores econômicos, por exemplo.

Industrialização e desenvolvimento econômico: a indústria como causa originária

Considerou-se a industrialização como causa originária do desenvolvimento econômico. Geralmente, as grandes transformações econômicas produziram-se após um processo de introdução de indústria. Existe uma correlação existente entre a importância relativa da indústria e o nível de desenvolvimento. Por outras palavras: quanto maior o peso da indústria, maior será o desenvolvimento.

Por seu lado, os setores agrário e mineiro tendem a diminuir de forma sistemática, ao passo que o setor terciário, ou de serviços, passa por duas fases fundamentais: na primeira, aumenta seu peso de modo bastante rápido, mas quando a industrialização alcança certo nível, a importância relativa do setor terciário começa a diminuir. Ainda seria de falar numa terceira fase, que aparece nas economias “superdesenvolvidas”, na qual os serviços voltam a aumentar de forma espetacular.

Foi partindo desta perspectiva que se concedeu uma grande importância ao tema da Revolução Industrial, pois seu estudo, aplicado aos países já desenvolvidos, pode servir para precisar o caminho que terão de percorrer os subdesenvolvidos até alcançarem o nível atingidos por aqueles.

A Escola Clássica de Adam Smith e David Ricardo

A primeira teoria do desenvolvimento econômico foi formulada na obra Investigações sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, de 1776 (conhecida simplesmente como “Riqueza das Nações”), do escocês Adam Smith. O objetivo central de sua teoria era revelar como se pode passar rapidamente de uma economia atrasada-agrícola para uma economia avançada-industrial. Portanto, não é de estranhar que o recente despertar dos países subdesenvolvidos tenha suscitado um renovado interesse pela vastíssima obra de Smith.

Não obstante, Smith adota em alguns pontos posições ecléticas, e será necessário esperar por David Ricardo, que recolhe as explicações de Smith e de seu contemporâneo Thomas Malthus, para que se formule a teoria clássica do desenvolvimento econômico. Esta tem como objetivo fundamental explicar, partido das premissas capitalistas, o processo de crescimento de uma economia e seu estacamento final.

No entanto, Ricardo abriu um segundo caminho teórico que seria prosseguido por Marx e por outros pensadores radicais. Segundo Marx, as inovações técnicas podiam atuar como meio de defesa das posições capitalistas, mas originariam um empobrecimento operário difícil de superar. Para Marx, o choque entre os interesses dos capitalistas e dos operários na pobreza e desemprego será o determinante do futuro sistema.

A partir de Ricardo surgem duas grandes linhas de pensamento econômico: uma, milliana (de John Stuart Mill), que em certo sentido culminará com a grande interpretação neoclássica, e outra seguida ao princípio pelos socialistas ricardianos e posteriormente por Marx, que recolherá a mensagem revolucionária.

Marx e o Capitalismo

O conceito de “mais-valia” ocupa um lugar central na teoria do desenvolvimento econômico de Marx, mesmo para aqueles não aceitam sua teoria do valor.

A Mais-valia, em nível social, corresponde ao “produto líquido” de Quesnay e à “renda líquida” de Smith e Ricardo, portanto significa o total de salários, rendas e lucros. Desse modo, desempenha nela um papel fundamental o conceito de renda total, que compreenderá também uma parte do capital fixo que se realiza e que depende do processo de acumulação do capital. Assim, pode dizer-se que, entre a acumulação de capital e a criação de mais-valia, existe uma interligação muito estreita, já que a primeira é resultado e causa da segunda.

Para Marx, a produção implica dois grandes setores: o dos meios de produção e o dos meios de consumo, dos quais o primeiro é o mais importante.

O surgimento de uma economia moderna ou capitalista industrial é precedido de um período denominado de “acumulação primitiva de capital”. Na sua definição, este período inclui a acumulação de certo volume de capital procedente do comércio externo, principalmente, e uma série de requisitos prévios, tais como, a conquista de novos mercados coloniais, a revolução agrária, ou então o êxodo dos camponeses para a cidade.

Uma vez iniciado o processo de acumulação, como resultado de uma mais-valia formada já dentro do capitalismo, exige-se uma determinada quantidade de trabalho, o que significa - se o exército industrial de reserva de trabalho se esgotou – que o preço do mesmo aumenta. Isto provoca uma redução da parte excedente, que se dirige para a mais-valia, o que impulsiona os capitalistas, donos dos meios de produção, a investirem novos capitais em novas técnicas que poupem força de trabalho e, portanto, façam baixar seu preço.

Em certos casos particulares, pode acontecer que se produza uma rápida acumulação de capital que absorva totalmente o exército industrial de reserva e, como consequência, que aumente o preço da força de trabalho. Isto levaria a uma descida da mais-valia que, no caso de não dispor de tempo para introdução de novas técnicas que poupem trabalho, faria descer a acumulação e, portanto, a procura de trabalho assim como o preço da mão de obra. O final deste processo corresponde a uma situação de crise econômica.

Segundo Marx, uma característica do capitalismo é que seu próprio funcionamento exige a acumulação de capital para que exista crescimento econômico, mas essa mesma acumulação de capital traz como consequência o surgimento sucessivo de etapas de crise e de expansão. Ao mesmo tempo, existirá uma série de contradições, como assinalada por Engels, ao indicar que a capacidade produtiva tende a aumentar em progressão geométrica enquanto o consumo das massas aumenta de forma aritmética.

Também outra série de efeitos acompanhará o crescimento, entre os quais se destacam a concentração de empresas e do capital bancário, primeiro no interior de cada Estado Nacional e, finalmente, no plano internacional. O empobrecimento progressivo dos operários, resultado de uma sociedade de classes, pode entender-se em termos absolutos, relativos, ou em caráter penoso de trabalho, já que as três acepções figuram na obra de Marx.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A lei do desenvolvimento desigual e combinado

por Almir Cezar Filho

A lei do desenvolvimento desigual e combinado é conceito muito usado com frequência para descrever o Brasil, mas quem a emprega cuida de omitir seu formulador, Leon Trotsky, o revolucionário russo "fora de moda". A grosso modo, designa a mistura de atraso e modernidade, convivendo lado a lado, nos quais um setor moderno pode conviver com o mais atrasado, este funcionando como freio daquele, mas em conjunto, forma um todo único, novo e próprio.

O desenvolvimento, por sua vez, portanto, não pode ter trajetória linear, e as formas se desenvolvem pela ação de forças que atuam muitas vezes de maneira contrárias, dando ao fim, uma cara única, e a trajetória do desenvolvimento dos países nunca é igual entre si, nunca se dando de igual maneira, em forma, rota e ritmo.

A lei desenvolvimento desigual e combinado é a lei formulada teoricamente por León Trotsky - é a base a sua Teoria da Revolução Permanente, bem mais lembrada, porém ainda mais detratada. Essa lei designa a mistura de desenvolvimento e subdesenvolvimento em muitos países, especialmente nos países periféricos, nos quais um setor moderno pode conviver com o mais atrasado, embora este funcionando como freio daquele, convivem de maneira combinada, resultando numa formação social particular, porém única.

Trotsky formulou a teoria dessa lei aprofundando a então disseminada lei do desenvolvimento desigual, muito explorada por Lênin, no estudo do desenvolvimento capitalista da Rússia, e nos textos de Marx e Engels, sobre o papel da combinação, verificada nos fenômenos históricos aparentemente contraditórios, da convivência e co-existência, em várias sociedades nacionais, entre as formas capitalistas com formas pré-capitalistas.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Desenlance do movimento ou teleologia

Recebi esse comentário de meu grande amigo e colaborador aqui do blog Limiar, Serrano, à respeito do texto postado no último dia 05, quinta-feira, A Economia e a Revolução: Por uma Teoria Marxista do Desenvolvimento Econômico-Social e da Dinâmica Capitalista. Ele cita uma passagem e respeitosamente faz uma crítica, que respondi, e tomei a liberdade de expor nosso sadio e marxista debate.


Almir,

(...)

"O desenlace da contradição do movimento econômico histórico capitalista é a revolução e a economia sob controle do Estado Operário, assim o próprio “movimento” (as tendências, as leis, as dinâmicas, as estruturas e as modificações estruturais do capitalismo) é entendido a partir do seu “desenlace” (a revolução proletário e o socialismo)."

Nesse trecho você comete um equívoco (resvalando quase numa teleleologia): uma contradição possuisempre múltiplas possibilidades de resolução (depende do lado vitorioso) e não necessariamente será o proletariado à ser vitorioso! Obviamente o desenvolvimento das forças produtivas necessitam da revolução socialista, mas não podemos esquecer da possibilidade histórica da vitória da burguesia, derrota da humanidade. Por isso, as tendências que se desenvolvem nunca são apenas as da revolução, mas as da contra-revolução: ao mesmo tempo que aparecem elementos de socialização, aparecem de fascistização. É possível, e atualmente o mais provável, que o destino seja a decadência social e econômica e esses elementos já aparecem.

Abraços, Serrano.


Carlos,
(...)
Sobre a questão do "desenlace do movimento": a idéia aqui é a análise das formações a partir da formação que lhe é (ou são) sucedânea e superior. É como se antecipar o movimento de alguém pelo movimento já realizado anteriormente por aquele que lhe é mais velho ou antecessor. Por exemplo, é mais fácil compreender a anatomia de um símio após o conhecimento da anatomia humana. Aí acrescentamos - fazendo a inferência - que a economia proveniente de um Estado Operário é superior a uma economia de um Estado burguês, onde pela natureza jurídica-política a produção nacional fica sujeita à anarquia da produção e cegueira das incertezas devido a propriedade privada e a livre-concorrência.

Do ponto de vista marxista, é ou não é superior, uma economia estatal proletária a uma economia capitalista? Se concluirmos que é a economia estatal proletária é superior - mesmo quando erguida numa formação social periférica, onde as forças produtivas estão em um nível menor do desenvolvimento e as relações de produção capitalistas convivem com relações de modo de produção antecessores do capitalismo ou num patamar menos sofisticado do que das formações sociais centrais, como era o caso da Rússia pré-soviética – podemos, através da investigação das relações lá existentes, apreender a fundo as relações do capitalismo, numa perspectiva muito melhor. É nisso que falo.

Independentemente, de que, na sequência histórica, possa ocorrer reversões no movimento na formação social em particular [analisada], ou mesmo que, tendências históricas latentes ("o vir a ser") não se realizem ou sofram de uma outra direção do desenvolvimento, processo em geral, que se dá muito mais consciente pelos sujeitos sociais do que pela dinâmica regular daquela formação. Aí, encontramos a URSS, a investigação sobre ela, apesar da restauração capitalista, é importante para entender não apenas o processo de transição ao socialismo, que a URSS inaugurou, foi primogênita e, de certa forma, foi precoce. Mas sim, também, a URSS é importante para entender o próprio desenvolvimento do capitalismo do século XX, dos países periféricos e centrais, nas décadas antes, durante e depois, da vigência do regime soviético.

Além do mais, Marx e Engels, e o demais marxistas fidedigno ao método, sempre diziam que há grandes chances do rumarmos ao socialismo, mesmo que, a chance à barbárie esteja sempre presente. Mas antes de tudo, foi preciso para o advento do socialismo, vir a ter existido o capitalismo, para destruir as relações de produção feudal e asiática, que aprisionavam as forças produtivas à estado estacionário, ao mundo tradicional, que não revoluciona a vida social humana, como fez o capitalismo.

Fazendo uma piada: O capitalismo é a genitora do socialismo (e a revolução seu parto) – mesmo que o neném possa nascer morto, sempre há chance de novos nenéns, até porque o capitalismo é uma genitora muito fértil.

Abraços, Almir

A primeira greve geral de 1917: a "plebe" na rua!

Mandando pelo parceiro do blog Eduardo:

Esse documentário fala sobre a primeira greve geral de 1917, e o Jornal anarquista 'A Plebe". Achei muito interessante.

O documentário é um trabalho sobre a imprensa anarquista brasileira durante a Greve Geral de 1917. A Greve Geral de 1917 foi construída pelo clima político e social no Brasil e no mundo pela Primeira Grande Guerra e pela Revolução Russa de 1917.

Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=E-NN1dIzAxM&feature=related




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Economia e a Revolução: Por uma Teoria Marxista do Desenvolvimento Econômico-Social e da Dinâmica Capitalista

Por Almir Cezar Filho

Quero, antes de tudo, reinterar meu compromisso com a construção com o Marxismo, na prática e na teoria, porém descobri que o Marxismo, digo o marxismo ortodoxo (no sentido dado por Lukács), possui duas lacunas perigosas deixadas por nossos fundadores, Marx e Engels, e que os pensadores clássicos marxistas (Lênin, Trotski, Rosa Luxemburgo, etc) não conseguiram ou não identificaram ou não tiveram tempo para cobrir. Lênin conseguiu, por exemplo, preencher a lacuna de uma teoria do Estado, através de seu "O Estado e a Revolução", mas há outras.

As lacunas que descobri, na verdade, foram-me apresentadas por um autor francês que li recentemente, Lâcome, e de um debate com dois professores do Mestrado e uma conversa que tive com um amigo o qual debato muita teoria marxista. As lacunas permitem uma série de ataques dados por correntes burguesas ou pequeno-burguesas e confusões que abrem flanco para revisionismos. A primeira lacuna, e a que eu acho mais grave, é a respeito de uma teoria marxista do desenvolvimento econômico.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Desaquecimento da economia e a culpa do BC

por Almir Cezar

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, liberou R$ 100 bilhões aos bancos brasileiros, através de redução do redesconto, sem cobrar ou exigir nada em contrapartida.
Resultado: os bancos sentaram em cima da poça de liquidez. E ganham dinheiro com Letras do Tesouro – pelas quais Meirelles paga juros exorbitantes. Não emprestam, nem à produção ou ao consumo.
E quando emprestam, sufocam a empresa e o consumidor com uma das maiores taxas de juros do mundo. A consequência, de alta das taxas de juros, não é apenas do patamar alto da taxa Selic, mas também no enorme spred bancário.
As empresas estão com graves dificuldades de captação de crédito para investimentos e capital de giro, o que reforça o desaquecimento da economia.

taxa Selic:
É a taxa de juros básica da economia. É a taxa de juros pelo que o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais.

Spred bancário
É a diferença entre a taxa de juros básica e a taxa de juros praticada pelos bancos comerciais aos clientes (empresas e famílias). É nessa diferença que os bancos ganham dinheiro.

letras do tesouro
São títulos públicos onde o Governo paga juros. Mais do que uma forma de levantar recursos, é uma forma de controlar a liquidez na economia. liquidez: é a quantidade de dinheiro na economia suscetível a ser emprestado.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Samba da Mais-valia

Achei perdido pelo Youtube e como estamos em clima pré-carnavalesco apresentou a vocês o Samba da mais-valia.

Vejam, ouçam e divirtam-se e aprendam. Quem não sabe o que é mais-valia vai aprender agora.

Olha o Samba da Mais-valia, aí gente! Chora cavaco!!!




Pra acrescentar posto também o Manifestoon, animação feita com recorte de clássicos do desenho animado estadunidense, que apresenta de maneira resumida e lúdica o Manifesto Comunista, de 1848, de Karl Marx e Fridriech Engels.

A crise revelará o uso de fraude pelas empresas

Durantes anos houve prejuízos e queda na taxa de lucro das grandes corporações empresariais nos países centrais do capitalismo. Contudo, isso foi sendo maquiado sofisticadas por fraudes contabéis tramadas pelos executivos das empresas (veja a matéria a baixo do Monitor Mercantil).

***

A crise mundial ameaça revelar bilhões em fraudes financeiras cometidas durante os anos de boom na economia internacional.
02/02/2009 - 20:02

Um relatório preparado pela consultoria KPMG constatou que, já em 2008, as fraudes identificadas somaram US$ 1,5 bilhão, enquanto os casos se proliferam nos tribunais. Cerca de um terço desse total se refere a fraudes cometidas por empresas e seus executivos. O restante foi gerado por organizações criminosas, de acordo com a consultoria. Segundo a consultoria, as fraudes atingem seu maior nível na economia européia em 13 anos.


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Só que agora tudo está vindo à tona, até porque fica difícil tapar os rombos à medida que o fluxo de receitas diminuiu drasticamente e o crédito idem. Não dá para cobrir o negativo com os recursos que entrar no fluxo de caixa.

Mas o interessante está não na fraude mas na razão do uso da fraude. A necessidade de fraudes pelo grande capital revela em si uma das facetas autocolapsantes do próprio mercado capitalista, a tendência a queda da taxa de lucros.

A crise é o momento da "revelação", onde a verdade vem a tona, se manifesta. O capital, porém, tenta adiar esse "momento da verdade".

Procurando aumento da produtividade ou da intensidade do trabalho ou novos negócios onde há isso. Os anos 90 vimos os negócios de alta tecnologia, internet e biotecnologia, mas que também explodiram com a bolha da Nasdaq e dos negócios ".com" de 2000/2001.

Há também a forma, de recorrendo ao mercado financeiro, para um enriquecimento artificial ou acelerar o circuito de capital. Que por sua vez, viu problemas graves nos anos 90, com as sucessivas crises - mexicana de 95, asiática de 97, russa de 98, brasileira de 99 e argentina de 2000. A própria idéia de subprime e hipotecas nos EUA foi um artifício para dar alternativa a isso.

Restou as empresas a fraude, pura e simples.

Durante anos se viu empresas apresentando balancetes vistosos e puljantes. Anos de distribuição vultosa de dividendos aos acionistas, royalties as matrizes das empresas e bonus aos executivos. Enquanto, por outro lado, foi preciso ampliar a produtividade dos trabalhadores continuamente, sem compensações como redução da jornada, recorrendo para isso a transferência de plantas fabris para "zonas de baixo salário" e redução de direitos trabalhistas. Mas mesmo esse processo de ampliação da intensidade do trabalho não conseguiu compensar a queda da taxa de lucro e a sede por maior rentabilidade.