terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Palavras que escorrem pelos dedos (4)

Em homenagem ao final do sempre emocionante (mas sempre problemático) Campeonato Brasileiro

A Procissão

Estádio, templo santo, sagrado
Onde rola a bola
Óbolo santo
Pão de vida, revigora-nos toda a semana
Cálice donde jorra a terrena alegria

Numa assembléia reunida
Em lados opostos rezando em euforia,
Num turbilhão de emoções,
Em que a cada lance litúrgico
Ora contempla a chance
De uma vitória gloriosa
Ou uma derrota honrosa.
Chances perdem-se, ganham-se
Tudo num gigantesco dado que é
A sorte.

Num drible, numa chegada
Num carrinho, numa embaixada
Num gol. Num cartão
E até num lance perdido
Por causa de um jogador que enche o pavão

Em um gol entupido, contido num grito
Entalado na goela
A chuteira que é boa que agüente
O coração que não se enche

A emoção num pênalti
Cobrado até ser perdido
Ou na triste bola que entrou
Na derrota ganha
Ou na vitória perdida
Tudo no futebol, um jogo que nos fascina
O jogo, que nos fascina.

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