sábado, 27 de dezembro de 2008

Crise Mundial segundo Theotonio dos Santos

por Almir Cezar

O professor Theotonio dos Santos, do Departamento de Economia da UFF, recentemente em mesa do workshop internacional "A Crise Mundial: Desafios e Oportunidades" organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) da UFF, destaca que a crise econômica mundial tem como causa o aumento da tecnologia e a robotização da produção, que provocou queda de custo, produtividade colossal e diminuição nos preços dos produtos.

A crise cristaliza-se de três maneiras:

i) No setor financeiro, que precisa ser reestruturado, e os investimentos têm de ser feitos no setor produtivo. O setor financeiro se autonomizou da produção, mas seus lucros são gerados no setor produtivo, por transferência. Se há menor lucro no setor financeiro menor lucro possível será repassado ao setor financeiro. Contudo, os capitalistas nos últimos tempos invertiam capitais no setor financeiro, estragulando o setor produtivo.
ii) Na Índia se está produzindo carro por US$ 2,5 mil, e a China, que irá produzir carro ao preço de US$ 1 mil. Ele explica também que, em termos de tempo de produção, enquanto o Japão monta um carro, os Estados Unidos só fazem o correspondente a 40% dessa fabricação. O que leva a uma desvantagem competitiva, com a consequente menor taxa de lucro nas fábricas estadunidenses.

iii) não houve aumento na construção de imóveis e, sim, uma supervalorização dos que já existiam. O mesmo ocorreu com as empresas, uma supervalorização das ações, pelo efeito riqueza, pela valorização dos ativos (do patrimônio das empresas), e não pelo aumento dos dividendos a ser divididos aos acionistas, resultantes de um aumento dos lucros.

Dos Santos também ressalta que a população estadunidense está contra o apoio ao setor financeiro e é um processo compulsório de transferência de recursos que o Estado faz para esse setor. Como esse processo parece que não se dará calmamente o mercado financeiro não se tranquiliza. A crise financeira deverá ser prolongada e difícil, tanto pela gravidade própria como pela resistência popular.

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