sábado, 29 de novembro de 2008

O capitalismo tentou romper seus limites históricos e criou um novo 1929, ou pior

O texto abaixo é do famoso economista marxista François Chesnais.

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"Não quero parecer um pastor com a sua Bíblia marxista, mas quero ler uma passagem de O Capital: o verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital; é o fato de que, nela, são o capital e a sua própria valorização que constituem o ponto de partida e a meta, o motivo e o fim da produção. O meio empregado - desenvolvimento incondicional das forças sociais produtivas - choca constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente". Leia a íntegra da palestra do economista francês François Chesnais feita em setembro, em Buenos Aires.

O capitalismo tentou romper seus limites históricos e criou um novo 1929, ou pior
François Chesnais* - Esquerda.Net

Nesta apresentação feita em 18 de Setembro em Buenos Aires, o economista marxista francês François Chesnais expõe a forma como o capitalismo, na sua longa fase de expansão, tentou superar os seus limites imanentes. E como todas essas tentativas contribuíram para criar agora uma crise muito maior. Comparável à de 1929, mas que ocorre num contexto totalmente novo.


A tese que vou apresentar defende que no ano passado produziu-se uma verdadeira ruptura, que deixa para trás uma longa fase de expansão da economia capitalista mundial; e que essa ruptura marca o início de um processo de crise com características que são comparáveis à crise de 1929, ainda que venha a desenvolver-se num contexto muito diferente.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O mundo pós-crise

Uma interessante análise do jornalista econômico Luís Nassif, retirada de seu blog (http://www.projetobr.com.br/web/blog?entryId=10009) , à respeito das transformações do capitalismo contemporâneo que se manifestou com a atual crise e que se manifestaram após.

Coluna Econômica - 26/11/2008

Luis Nassif

Alguns pontos relevantes sobre os desdobramentos da crise mundial
O primeiro é a constatação da mudança radical sobre o papel dos Estados Unidos no novo mundo. Ao contrário da Inglaterra, a grande hegemonia americana foi conduzida por suas grandes corporações, especialmente em três setores, a mineração-siderurgia, a indústria automobilística e o setor financeiro.
Coube a elas espalhar o poderio americano pelo mundo, os hábitos empresariais, a influência política. A diplomacia americana quase que caminhava atrás, respaldando suas ações.

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Com o tempo, essa expansão levou à perda da identidade nacional, dos vínculos com o país. A expansão levou-as a privilegiar a produção de manufaturas na Àsia. Especialmente na China. Com o tempo, as linhas de produção foram transferidas para lá, reduzindo o potencial de emprego norte-americano.
Os ganhos eram na forma de dividendos recebidos e na expansão das instituições financeiras.
Nas décadas passadas, os EUA perderam a primazia da mineração e da siderurgia. Desde o começo da década, a primazia do setor automobilístico. Problemas trabalhistas em Detroit, erros de avaliação sobre os novos modelos (com alto consumo de combustível), fizeram com que gradativamente seu espaço no mercado passasse a ser ocupado primeiros pelos japoneses, depois pelos europeus, finalmente, pelos coreanos.
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A bolha da tecnologia segurou a expansão do setor de telecomunicações. Manteve-se o da indústria de softwares.
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Nos últimos seis meses, caíram os últimos símbolos do predomínio americano, os grandes bancos de investimento que, desde o início do século 20 representaram a ponta de lança do poderio americano.
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Não significa a decadência americana, mas o fim do predomínio absoluto. Obviamente há no país um estoque imenso de pesquisa, inovação, capacidade gerencial, ambiente favorável de negócios. Mas, agora, sob um mundo bem mais equilibrado.
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Ponto importante nesse jogo é o novo papel desempenhado pelos emergentes. Tanto as montadoras quanto os bancos têm garantido que poderão abrir mão de subsidiárias em vários países, menos em alguns emergentes – como o Brasil.
Não se sabe como o mercado interno norte-americano emergirá da crise atual. Barack Obama já deixou claro que implementará um programa similar ao New Deal, de Roosevelt. Ou seja, prioridade para as pessoas físicas, para a geração de empregos, para a solução da inadimplência dos mutuários.
É um desafio ciclópico, o de unificar a nação em torno de bandeiras de solidariedade, já que os beneficiários do modelo anterior ainda mantém a influência política – como acontece em todo final de ciclo.
Mesmo assim, levará muito tempo até que o mercado interno americano recupere o dinamismo das últimas décadas – já que o motor principal, o crédito, ficou profundamente avariado.
Significa que, quando a economia mundial começar a mostrar sinais, ainda que tênues, de recuperação, o investimento preferencial das multinacionais será em grandes emergentes, como o Brasil.
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O desafio é prender a respiração e chegar à outra margem do rio.

Teoria da Crise no Marxismo (11) - Bibliografia

Teoria da Crise no Marxismo

BIBLIOGRAFIA

Teoria da Crise no Marxismo (10) - Limite do capital, contradição e superação da crise

Capítulo 10
LIMITE DO CAPITAL, CONTRADIÇÃO E SUPERAÇÃO DA CRISE

A fundamentação marxista aponta para a superação do capitalismo e o advento de uma sociedade onde, à base da posse comum dos meios de produção, os homens livremente associados produziriam, de modo planejado, as condições de suas vidas. Tais conclusões têm por base o argumento de que produção capitalista se desenvolveria aguçando as suas contradições, sem contar com nenhum organismo institucional especializado na regulação da sua vida econômica, buscando amenizar os seus efeitos danosos. Por isso, a evolução do capitalismo de livre-concorrência ao monopolista faria parte do andamento lógico desse processo de superação.
À medida que diminui o número dos magnatas capitalistas que usurpam e monopolizam todas as vantagens desse processo de transformação, aumentam a miséria, a opressão, a escravização, a degradação, a exploração; mas cresce também a revolta da classe trabalhadora, cada vez mais numerosa, disciplinada, unida e organizada pelo mecanismo do próprio processo capitalista de produção. O monopólio do capital passa a entravar o modo de produção que floresceu com ele e sob ele. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho alcançam um ponto em que se tornam incompatíveis com o envoltório capitalista. (MARX. O Capital, L. 1, V.2, p. 881)
A recorrência da crise econômica que impregna a "Globalização" e o "pós-fordismo", isto é, a etapa atual de transnacionalização do capitalismo monopolista, demonstra que o atual desenvolvimento das forças produtivas não permite que o valor, cada vez mais, seja produzido e acumulado estavelmente, que, com a aplicação por um lado da robótica e da micro- eletrônica, e por outro, da mundialização e financeirização da produção, tendem a "tumultuar" o processo produtivo. Portanto, a moeda e a mercadoria começam a perder seu fundamento, fica "sem pé nem cabeça" e a crise se agrava ininterruptamente. Doravante, acelera-se ainda mais um caráter do capitalismo, que a sobrevivência do capital é sua autofagia, sua autodestruição - ele já não pode dar um passo sem tropeçar nas próprias pernas.

Desse modo, a luta pela abolição revolucionária da exploração do trabalho, da apropriação do trabalho pelo capital, hoje uma necessidade óbvia, não pode mais ser acusada de utópica, uma vez que o capitalismo mal sobrevive à lembrança espectral dos "tempos prósperos". No atual estado de coisas, toda reforma é simples maquiagem da crise do capital.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Pré-Sal








O que é



A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). A camada pré-sal é um gigantesco reservatório de petróleo e gás natural.

Localização da camada pré-sal (no destaque)



Estas reservas estão localizadas abaixo da camada de sal (que podem ter até 2 km de espessura). Portanto, se localizam de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar.



O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo.

Para termos de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em 2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Ou seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.
Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.


Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros.





Informações importantes sobre a camada pré-sal


Estas reservas se formaram há, aproximadamente, 100 milhões de anos, a partir da decomposição de materiais orgânicos.


Os técnicos da Petrobras ainda não conseguiram estimar a quantidade total de petróleo e gás natural contidos na camada pré-sal. Para termos de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em 2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Ou seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.
Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.


No Campo de Tupi, por exemplo, a estimativa é de que as reservas são de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.Em setembro de 2008, a Petrobras começou a explorar petróleo da camada pré-sal em quantidade reduzida. Esta exploração inicial ocorre no Campo de Jubarte (Bacia de Campos), através da plataforma P-34.



Futuro


Se forem confirmadas as estimativas da quantidade de petróleo da camada pré-sal brasileira, o Brasil poderá se transformar, futuramente, num dos maiores produtores e exportadores de petróleo e derivados do mundo. Porém, os investimentos deverão ser altíssimos, pois, em função da profundidade das reservas, a tecnologia aplicada deverá ser de alto custo.Acredita-se que, somente por volta de 2016, estas reservas estejam sendo exploradas em larga escala. Enquanto isso, o governo brasileiro começa a discutir o modelo de exploração que será aplicado.




bibliografia




China: protesto violento por demissões em fábrica de brinquedos

Agência AFP

PEQUIM - Centenas de trabalhadores enfrentaram a polícia em uma cidade do sul da China e saquearam a fábrica de brinquedos que acabara de anunciar a demissão dos funcionários. Os distúrbios aconteceram terça-feira na Kaida Toy Factory, uma fábrica de brinquedos de propriedade de uma empresa de Hong Kong, na cidade de Zhongtang, província de Guangdong, importante centro de produção de artigos para exportação.
- Quase 500 funcionários destruíram cinco veículos policiais, entraram na fábrica depois de enfrentar os guardas, quebraram vidros e destruíram equipamentos - afirma um comunicado do governo local.
Seis pessoas ficaram feridas e a polícia prendeu 19 manifestantes. De acordo com a polícia nem todos os manifestantes eram funcionários da Kaida Toy Factory, que tem 6.500 trabalhadores.
Os trabalhadores se revoltaram ao receber a notícia das demissões de 380 funcionários, com indenizações maiores para aqueles com mais de sete anos de contrato com a empresa.
Muitas fábricas fecharam as portas recentemente na província de Guangdong, em conseqüência da queda das exportações provocada pela crise econômica e financeira mundial.
Quase 7.000 trabalhadores protagonizaram mês passado incidentes similares depois do fechamento de uma das maiores fábricas de brinquedos da China, também pertencente a uma empresa de Hong Kong, na mesma província.


A China está começando a pegar fogo. Se o regime é fechadíssimo e a imprensa do Ocidente começa a registrar casos como esse é sinal que lá deve estar muito piorar.
A Crise acertou em cheio a China, extremamente dependente dos capitais e das exportações dos EUA, Europa e Japão. Lá com a liberalização como não existe regulação estatal e seguridade social os trabalhadores estão ficando com a crise sem "eira nem beira". E vão pra cima da empresa já que não tem nada a perder.
A Crise vai transformar muita coisa na China. Pro bem ou pro mal.

Que os ricos paguem pela Crise!

Diante da queda das bolsas e da falência de empresas, todos os analistas concordam que esta é a maior crise desde o crack da bolsa, em 1929. Iremos a uma depressão, como a que se viu nos anos seguintes?
A única resposta certa é de quem a culpa: dos ricos. Que nos últimos anos se enriqueceram as nossas custas e agora querem que paguemos pelos custos da "festa".
Querem dinheiro público, querem redução de salários e direitos sociais, fecham fábricas e demitem.
Nossa resposta deve ser: - Que os ricos paguem pela crise!
No Brasil se mantendo a atual política, a crise vai pegar em cheio os trabalhadores. Precisamos, desde já, impor um programa para impedir que, mais uma vez, a grande maioria da população arque com os efeitos de uma crise econômica.
É necessário estatizar o sistema financeiro e colocá-lo a serviço da população. Ou seja, impedir a fuga de capitais especulativos e as remessas de lucros ao exterior, que representam um verdadeiro roubo das riquezas produzidas pelos trabalhadores no país. É preciso uma reforma agrária radical que entregue as terras aos camponeses e exproprie as grandes empresas do agronegócio.
Da mesma forma, é preciso parar já de pagar a dívida pública, investindo em saúde, educação etc. O não-pagamento dessa dívida pode financiar um plano de obras públicas que enfrente o déficit habitacional, com a construção de casas populares, e acabe com o desemprego.
Para combater a inflação, é necessário aumentar os salários, congelar os preços e impor um gatilho salarial, ou seja, o aumento automático dos salários de acordo com a inflação.

comunidade do orkut "Que os ricos paguem pela crise: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=77142213

Seminário debaterá o pré-sal no Clube de Engenharia, dia 27/11

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)

A discussão sobre o pré-sal, sob a ótica daqueles que defendem o monopólio estatal do petróleo e a soberania nacional, estará presente no Seminário "O Pré-sal é do povo brasileiro", no próximo dia 27, quinta-feira, no Clube de Engenharia, na Avenida Rio Branco, 124, 25º andar.

Haverá três mesas de debates.
A primeira delas, de 16h às 16h30, com o geólogo João Victor Campos, com o tema "Pré-sal, a última fronteira".
A segunda, de 16h30 às 17h30m com os economistas Cesar Benjamin e Carlos Lessa, sobre "Pré-sal, desenvolvimento e soberania: metas". Em seguida, haverá debate.
A terceira mesa, de 18h30 ás 20h30, reunirá os palestrantes Ildo Sauer e Aloizio Mercadante e os debatedores Fernando Siqueira e João Morais. O tema será "Marco regulatório e monopólio".
Em seguida, o público poderá dirigir perguntas à mesa.

Participam do seminário entidades como o Sindicato dos Engenheiros, Aepet, Clube de Engenharia, Sindicatos de Petroleiros do RJ, Caxias e Norte-Fluminense, dentre outras.
www.apn.org.br

Teoria da Crise no Marxismo (9) - As causas e os efeitos da crise

CAPÍTULO 9 
AS CAUSAS E OS EFEITOS DA CRISE

A teoria marxiana do valor-trabalho penetra profundamente na essência do problema da oferta e da procura, explicando o motivo da superprodução e crise do capitalismo. Estuda até que ponto a oferta depende do trabalho social abstrato utilizado para produzir a mercadoria, como a procura depende da distribuição da propriedade dos meios de produção na sociedade, como esta relação conduz à divisão do trabalho social nos vários setores da produção, etc. As relações de mercado dependem das relações de produção.

A lei do valor tem um significado central para a economia marxista. A lei do valor é a lei econômica fundamental do capitalismo. Sendo que não determina um aspecto isolado ou alguns processos isolados do desenvolvimento da produção capitalista, mas todos os aspectos e todos os processos mais importantes desse desenvolvimento; portanto, determina a fundo a produção capitalista, sua essência. A lei do valor é a lei econômica da produção de mercadoria, segundo a qual a troca de mercadorias se efetua de acordo com a quantidade de trabalho socialmente necessário empregado em sua produção. O valor de uma mercadoria é uma categoria social; não é visto, mas é sentido sempre que se troca uma mercadoria.

Valor é uma relação entre duas pessoas, uma relação disfarçada como relação entre coisas. O valor nesse sentido é a síntese transformada das relações de produção na sociedade baseada na produção mercantil. O valor é o trabalho social dos produtores de mercadorias, corporificado na mercadoria. O termo "corporificado" sublinha o fato que o trabalho está incluído na mercadoria, tomou a forma de mercadoria. As proporções em que se permutam as mercadorias servem como a forma de expressão do valor; mostram que a mesma soma de trabalho foi gasta nas mercadorias trocadas, que elas são idênticas em valor, ou melhor, que tendem ou que procuram a tender.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (8) - A teoria da crise, o dogmatismo e o revisionismo

Capítulo 8
A TEORIA DA CRISE, O DOGMATISMO E O REVISIONISMO

O Marxismo sistematizou-se e consolidou-se através da análise da realidade e da crítica aos produtos teóricos de outras correntes epistemológicas e políticas. De tal modo que o acervo das obras marxistas principais constituiu-se ao sabor e como resultado de uma incessante polêmica no terreno da luta teórica. Mas, convém lembrar, o debate não se limitou apenas ao choque entre correntes de pensamento antagónicas. Ele se verificou no interior do próprio marxismo, como luta de opiniões no esforço coletivo de interpretação e transformação da realidade. Esse esforço, só é possível enquanto perdurar nas fileiras marxistas uma rigorosa coerência com as categorias básicas do materialismo dialético[1].

No entanto, o crescente, e já longo, processo de dogmatização do marxismo vem obstruindo seriamente a sua evolução enquanto ciência. A cedência ao dogmatismo sedimentou a crença de que o conjunto das obras de Marx, Engels, Lênin, ou mesmo Stálin e depois Mao, ou Trotski, tinham acumulado um máximo de conhecimento possível, a propósito tanto do método científico quanto da realidade capitalista e da revolução socialista. De maneira que a epistemologia marxista foi sendo encarcerada nos marcos de um sistema fechado, ao estilo metafísico, povoado de verdades eternas e absolutas.

O primeiro resultado foi o desabrochar de um desprezo pelo emprego dinâmico do método materialista dialético como ferramenta apropriada à análise da realidade e a sua substituição por uma prática "teórica" limitada às repetições mecânicas e estéreis das verdades descobertas a seu tempo pelos clássicos. Levados às últimas consequências, o dogmatismo provocou toda a gama de distorções que atrofiaram o conteúdo científico e revolucionário do marxismo. A concepção do marxismo como sistema fechado, esgotado pelos clássicos, reservava a cada nova geração de teóricos a função menor de meros propagandistas, quando não de vulgarizadores.

domingo, 23 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (7) - A lei do valor e da mais-valia

Capítulo 7
A LEI DO VALOR E DA MAIS-VALIA

Karl Marx descobre, por meio da análise materialista dialética sobre os fenômenos sociais[1], a teoria das leis do desenvolvimento social (a concepção materialista da história), bem como a lei específica que move o modo capitalista de produção, a lei da mais-valia. Como destacava o próprio F. Engels: "A descoberta da mais-valia iluminou... todas as pesquisa anteriores, tanto as dos economistas burgueses como as dos críticos socialistas, [que] haviam vagado nas trevas" (ENGELS, Discurso diante da sepultura de Marx, 17/3/1883). No artigo Karl Marx (1877), Engels, foi ainda mais enfático, eliminava dúvidas - de ingenuidade ou de má fé - sobre o caráter científico do Marxismo: diz que aquelas duas situam-se "Entre as numerosas e importantes descobertas com que Marx escreveu seu nome na história da ciência".

Para Marx e Engels o Capitalismo seria regido por lei e a produção de mais-valia seria a lei absoluta desse modo de produção. Portanto, a lei econômica fundamental do capitalismo é a "lei da mais-valia", isto é, a forma transformada da lei do valor, a lei do surgimento e do crescimento do lucro capitalista, da acumulação e do desenvolvimento do capital pela produção social. É a partir dela que se desenrolam diversas manifestações como a lei da concorrência, da lei da anarquia da produção e da lei do desenvolvimento desigual e combinado no capitalismo.

A importância da lei do valor consiste, entre outras coisas, em que, ao determinar todos os fenômenos mais importantes do desenvolvimento do modo de produção capitalista - seus ascensos e suas crises, suas vitórias e seus reveses, suas virtudes e seus defeitos, todo o seu desenvolvimento contraditório -permite compreendê-los e explicá-los. A lei da mais-valia, ou da valorização do capital, tem caráter central na valiosa herança epistemológica do marxismo.

sábado, 22 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (6) - Crise crônica do sistema capitalista e as contra-tendências

CAPÍTULO 6
CRISE CRÔNICA DO SISTEMA CAPITALISTA E AS CONTRA-TENDÊNCIAS

O desenvolvimento do sistema não tem um comportamento estável, constante. Já desde seus primórdios, durante os séculos XVIII e XIX, mostrava um crescimento variável. O crescimento do capitalismo em escala mundial tem comportamento cíclico a cada 50 ou 60 anos, com períodos de crise e de auge.

No final do século XIX e início do XX, segundo o marxismo revolucionário o sistema capitalista envelheceu. Entrou em crise crônica, a chamada fase imperialista. Nesse novo período, a livre concorrência foi substituída pelos monopólios, o capitalismo segundo esses autores entrou em sua fase de decomposição enquanto modo de produção. As forças produtivas pararam de crescer, ou pelo menos, não mais em ritmo constante como acontecia ao capitalismo antes. Nessa nova situação, as fases depressivas se tornaram mais prolongadas e profundas, e pelo contrário, as de recuperação foram menos extensas e de pouco alcance, razão principal para a caracterização da suposta decomposição do capitalismo.

Ao final do século XIX, o capitalismo vivia grandes transformações de sua base produtiva, financeira e comercial. O surgimento de grandes empresas com elevado grau de produtividade, e a formação de grandes bancos, com destacado peso no sistema financeiro da época, caracterizavam o surgimento de uma nova fase do sistema capitalista. Ao mesmo tempo surgia um grande debate teórico sobre o significado dessas transformações. Os precursores deste debate foram Lênin, Rosa Luxemburgo, Hilferding, Kautsky, Bukharin, para citar os principais (e entre outros posteriores, tal como Trotsky, Kalecky e Sweezy). Esses autores elaboram estudos acerca do problema, preocupados em responder cientificamente às transformações sofridas pelo capitalismo mundial naquela época.

Com a Crise a discussão de uma 'Nova Econômica'

Por Almir Cezar Filho

Com a atual crise econômica no Capitalismo, a questão da viabilidade do Socialismo e voltou novamente à pauta dos debates acadêmicos. Mesmo no Marxismo são poucas obras que falam sobre a construção do Socialismo e sua transição. Vamos falar sobre o livro mais importante de Eugeni Preobrazhensky, "A Nova Econômica", obra de um economista que co-liderou a Revolução e a montagem do primeiro Estado socialista da História.

Escrito inicialmente em 1924, como uma conferência na Academia de Ciências da URSS, onde Eugeni Preobrazhensky apresentava à comunidade científica local a teoria-base do programa da Oposição de Esquerda trotskista no Partido Comunista. No texto o centro é a explanação e uma análise em termos de Economia Política sobre a economia de transição ao socialismo em uma sociedade subdesenvolvida, como era a sociedade soviética após a Revolução Russa de 1917. A chamada teoria da "acumulação socialista primitiva". O texto dessa conferência acabara virando em 1926 a base de um trabalho mais amplo que virá a ser o livro "A Nova Econômica", onde o texto original tornando-se o capítulo 2 do novo livro.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (5) - De novo a questão da reprodução nos esquemas de Marx

Parte II 
O ESTATUTO ONTOLÓGICO DAS CRISES EM MARX E ENGELS

CAPÍTULO 5
DE NOVO A QUESTÃO DA REPRODUÇÃO NOS ESQUEMAS DE MARX


No pós-Segunda Guerra, ainda sob o impacto da crítica keynesiana a Escola Neoclássica, aparece um autor de inspiração marxista, o italiano Piero Sraffa, que a partir do re-exame da problemática clássica da determinação da taxa de lucro pelos esquemas de reprodução, soluciona matematicamente os teoremas de preços e valores de David Ricardo, propiciado a solução do problema do equilíbrio, o que pelo próprio poderia ser aplicado nos teoremas marxianos, embora colocando os coeficientes expressos em unidades físicas, e não mais contidos em valor. O que invalidaria a teoria do valor-trabalho, embora asseguraria a resolução da velha questão que atormentava o marxismo, sobre a harmonia e determinação dos preços no processo de reprodução capitalista.

Tal teoria abalou a ortodoxia marxista, principalmente no Partido Comunista Italiano, pois teria sido provado que Marx errara na formulação dos teoremas e que não haveria necessidade analítica da teoria do valor, que se "comprovou" equivocada. Assim um dos pilares do marxismo vulgar do século XX, a resposta de Hilferding a crítica marginalista de Böhm-Bawerk da não validade da teoria do valor-trabalho com base a não-harmonia dos esquemas de reprodução, o que foi interpretado como uma das causas da crise do marxismo, a partir dos anos de 1950, à medida que essa resposta era considerada praticamente a refutação oficial a qualquer crítica à lei do valor marxista.

Em verdade, a lei do valor sempre teve no marxismo, mesmo no revisionismo grande importância, considerada como central na explicação do processo de reprodução do sistema econômico, ao descrever o ciclo de valorização (e acumulação) do capital, e para comprovar a harmonia do desenvolvimento capitalista, embora ao basear nos esquemas apenas comprovam possibilidade de haver desequilíbrios momentâneos ou acumulativos ao longo do tempo.

Palmares (poesia)

Mais um poesia da série Palavras que escorrem pelo dedos. Uma poesia em comemoração ao feriado de Zumbi e Dia Nacional da Consciência Negra.


Palmares

“Sacerdotes lá na mata!”
Os tambores são tocados,
E sua história era contada

Que o barro que amassa
Formava a panela e a cabaça
E o milho e a mandioca que amassa
Criava o pão para alimentar toda a nação

Zumbi, sim!
Guerreiro dos guerreiros de Palmares
Estes heróis da igualdade
Cantados em terras e mares
Grito de liberdade ecoado pelo povão
Zumbi, sim!
O líder de Palmares

“Sacerdotes lá na mata!”
A “sá” vida foi cantada
Nos atabaques louvando os deuses
Espíritos da liberdade desde África
Representado “a vida” do nosso chão

Das palmeiras que protegiam
Tróia Negra que não tomba
Ah! Estes homens de Palmares
Ah! Estas mulheres de Palmares

Negros, crioulos,
Mulatos, brancos,
Mestiços, índios, caboclos

- Grito de liberdade ecoando em pleno ar!

Zumbi! Guerreiro da liberdade
Os homens que te prenderam
Nunca poderão te destruir
Pois viraste mártir
Tu que amaste e guerreaste
Pela liberdade e a humanidade

Pois a lei do branco vale nada
Nem sua justiça pode nada
Só seu ódio que consegue
“Os homens julgam nossas ações
Mas só Deus julga os corações”

Oiê! Ganga Zumba. Ogá Orulá
O Aquiles da raça!

Das Acrópoles da Barriga
Paliçada que protegiam
Vale fértil que circunda
Terras, matas, rios bons que alimentam
Fundição e fornos que utensílios e armas fecunda

Utopia realizada!
Escondida em plena mata!

Vários mocambos (polés) estendidos
Pela Serra da Barriga
Amaro, Arotine
Tabocas, Zumbi,
Dandraga, Andalaquituche,
Subira, Aqualtene
E sua grande capital Macacos.

Palmares sendo Quilombo constituído
E a União presidida
Pelo Conselho de chefes e anciãos reunido
Assembléia do povo a escolhia
E eles escolhiam o Ganga
O Augusto palmarino
Este acima dos homens abaixo dos deuses
O Zumbi foi um deles

Ah! Dandara, pérola negra!
Grande mulher! Grande guerreira!
Oxalá! Mãe Sabina! A Éneas palmarina.
Tu és nossa mãe, tu és nossa rainha!

“Sacerdotes lá na mata!”
Nos atabaques chamando sempre
O Axé para sua gente
Louvando o céu, as caças, as águas e as matas!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (4) - O problema da demanda efetiva a partir dos anos 1930

Capítulo 4 
O problema da demanda efetiva a partir dos anos 1930

Fora da corrente marxista, foram poucos economistas, até a década de 1930, que se interessaram pelo problema das crises por fora da abordagem do equilíbrio geral neoclássico e na "Lei de Say"[1]. Entre esses poucos, destaca-se J. A. Hobson, que era um teórico subconsumista: segundo ele, a capacidade produtiva da economia crescia mais rapidamente do que a capacidade de consumo da sociedade, e isso acontecia devido a má distribuição de renda: de um lado, os trabalhadores, com baixas rendas, não podiam aumentar seu consumo, e de outro lado, os capitalistas, com altas rendas, formavam grandes poupanças, acumulavam capital, ampliando cada vez mais a capacidade produtiva.

A grande crise económica iniciada em 1929 acabaria por forçar o reconhecimento da importância da realização no processo capitalista de produção. Apesar disso, a maioria dos economistas de formação ortodoxa neoclássica continuou a sustentar opiniões apoiadas na "lei de Say". Mas uns poucos começaram a ver o problema. Na Inglaterra, J. M. Keynes, publicou em 1936, a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda[2], o economista um declarado admirador de Malthus e com uma influência de economistas europeus nos primeiros anos da década de 1930 que puseram em discussão as relações entre poupança e investimento. Depois do aparecimento dessa obra, e também ao grande prestígio do autor nos meios políticos e acadêmicos ocidentais, o princípio da demanda efetiva foi ganhando aceitação geral, em crítica e substituição à lei de Say.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (3) - A controvérsia sobre a harmonia do Capitalismo

Capítulo 3
A CONTROVÉRSIA SOBRE A HARMONIA DO CAPITALISMO

A visão terminal do capitalismo de Marx e Engels entretanto começou a ser revisada no final do século XIX, e começos do século XX, pelos chamados Revisionistas, isto é, seguidores de Marx que acreditavam ser preciso fazer "alterações" na teoria porque a realidade não confirmava suas previsões (prognóstico), e ao longo do tempo várias e várias novas matizes - de origens distintas, mas com mesmas características - surgiram reivindicando a suposta necessidade de revisar o mestre.

Após a morte de Engels em 1895 se cristalizou na II Internacional uma visão dogmática do marxismo que interpretava que Marx preconizaria o fim do capitalismo por seu colapso econômico. Tal interpretação dos trabalhos sobre economia política e sociologia de Marx e do próprio Engels - que de nada este havia contribuído para a dogmatização, mas surgidos no processo de hegemonização do centro dirigente da Internacional sobre interpretações de outros grupos - abriu espaço para firmes questionamentos a essa visão economicista, e por não encontrar eco da época na realidade expansiva do capitalismo dos países europeus ocidentais e da incorporação gradual das massas proletárias ao consumo e à participação político estatal.

Por um lado, essa interpretação cumpria papel de justificar a opção por parte da Social-democracia pela estratégia de disputar a participação no Estado burguês e das lutas materiais parciais pelos sindicatos - à medida que a luta pela implantação do socialismo ficava colocada para uma época posterior quando as condições objetivas fossem favoráveis (o momento do "colapso").

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Teoria da Crise no Marxismo (2) - A crise e a queda da taxa de lucro

Texto integrante da série A TEORIA DA CRISE NO MARXISMO - uma análise ontológica como contribuição ao debate.


Capítulo 2

A CRISE E A QUEDA DA TAXA DE LUCRO

Desde a época da Economia Política clássica há o entendimento que o objetivo do capitalista é o lucro, intento final de seu empreendimento, a produção e/ou venda de uma mercadoria. Contudo o indicador êxito seja a taxa de lucro, quer dizer, o índice advindo da relação entre o lucro sobre o montante de despesas dos capitalistas (capital consumido na produção).

O investimento (consumo de capital constante) por parte dos burgueses para aperfeiçoar ou incrementar seu capital e o aumento da taxa de lucro que ela propicia são os principais sustentáculos materiais dos momentos de prosperidade, embora, o próprio investimento contém os germes que conduzem ao momento de depressão seguinte.

Por um dado período, é possível obter, em função dos investimentos, um aumento da taxa de lucro, isto é, a relação da mais-valia sobre a soma do capital constante - montante do capital investido em máquinas e equipamentos (capital fixo) e matérias-primas e energia (capital circulante) - e do capital variável (salários):

M(f+c)+V

Primeiramente, porque o progresso técnico, aumentando a produtividade do trabalho, permitia uma elevação da taxa de mais-valia relativa. Em segundo lugar porque, além da necessidade premente de renovação do parque industrial, a decolagem do investimento também se apoia na possibilidade que oferece a cada empresa capitalista de se beneficiar de um lucro extraordinário na medida em que introduzisse inovações tecnológicas mais rapidamente do que os seus concorrentes.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Teoria da Crise: Trotsky e Ondas longas de Kondratiev

Por Almir Cezar Filho

Uma abordagem marxista sobre crise capitalista encontra-se no tratamento envolvendo os ciclos econômicos, onde as flutuações da dinâmica do sistema se dão de maneira cíclica, numa sucessão de crise e boom, que ocorrem periodicamente. Dentro dessa perspectiva cíclica, cuja raiz encontra-se nas próprias obras de Marx e Engels.

Um aporte sobre ciclos econômico muito importante é a chamada "ondas longas", onde compreende os ciclos como um processo recorrente mas de longo prazo. Essa teoria é chamada de "ondas longas de Kondratiev". Seriam ondas históricas de 40-50 anos, repartidas em duas fases de 20-25 anos cada, uma fase de ascenso econômico, chamada de fase A, onde o capitalismo operaria em boom, e uma fase de descenso. chamada de fase B, onde operaria em crise.

Trotsky falou também sobre a dinâmica de longo prazo colocando termos de variação no ritmo e direção do desenvolvimento em diferentes épocas históricas interligadas entre si sucessivamente compondo um painel contínuo.

Os artigos que Trotsky apresenta sua teoria da "curva do desenvolvimento capitalista" e sua crítica a teoria ondas longas de Kondratiev.

Os textos que expressão esse aspecto de maneira mais clara são os textos "A Situação Mundial" (1921), que antecede a divulgação por Kondratiev dos seus estudos e onde aparece pela primeira vez sua idéia de "curva de desenvolvimento capitalista", "A Curva de Desenvolvimento Capitalista" (1923), contemporâneo a divulgação dos estudos de Kondratiev, "Sobre a questão da tendências no desenvolvimento da economia mundial" (1926), onde responde em uma conferência pública as questões levantadas por uma grande obra de Kondratiev, e "Sobre a questão da estabilização da economia mundial" (1925), onde discute as várias visões sobre crise no capitalismo.

Para ser franco, identifico que os aportes teóricos de Theotônio dos Santos, um autor que nos últimos anos mais divulga e trabalha sob a perspectiva de "ondas longas" na dinâmica de longo prazo, assemelha-se na verdade mais com Trotsky do que com Kondratiev.

domingo, 16 de novembro de 2008

A Teoria da Crise no Marxismo (1) - A teoria quando Marx e Engels eram vivos

Aqui está o primeiro artigo da Parte I da série de artigos A Teoria da Crise no Marxismo.

Parte I 
A CONTROVÉRSIA SOBRE AS CRISES


Capítulo 1

A TEORIA QUANDO MARX E ENGELS ERAM VIVOS



Karl Marx inicia o desenvolvimento de seu pensamento a partir da década de 1830, período marcado por uma quebra da tranquilidade por que passava a Europa Ocidental, duas décadas de calmarias seguintes ao fim da época de revoluções e guerras em desdobramento à Revolução Francesa e ao período napoleônico.

Durante as décadas de 1840 e 1880, Marx e seu parceiro intelectual e de lutas, também alemão, Friederich Engels, começam a polemizar com as teorias sociais hegemônicas em seu tempo, apologéticas da sociedade burguesa que então se consolidava na Europa Ocidental e América do Norte, iniciando-se pelo idealismo da Teoria da História e a epistemologia do filosofo conterrâneo, Hegel, que tinham sido elaboradas a partir uma teoria do Direito, embora essa crítica foi feita de maneira diferente às críticas que até então ao pensamento hegeliano sofria, como o materialismo do filosofo conterrâneo e contemporâneo, Ludwing Feuerbach.

Marx e Engels por sua vez o fizeram, por meio de análise crítica da economia política clássica, de tradição britânica, que preconizava que a base da vida social residia na vida material da sociedade, principalmente nas relações econômicas. Essas duas análises críticas, mais a do socialismo francês, foram feitas por meio de um método filosófico novo, o que por eles foi balizada de "materialismo dialético".

A Teoria da Crise no Marxismo - uma análise ontológica como contribuição ao debate

por Almir Cezar Fº
Economista graduado na Univ. Fed. Fluminense (UFF) e mestre na Univ. Fed. Uberlândia (UFU)

A recente crise econômica mundial iniciada em 2008 trouxe sustos e muitas perguntas, inclusive reavivando velhas polêmicas na esquerda intelectual e na Economia crítica de tradição não-burguesa. Essa crise surgida após o estouro da bolha imobiliária estadunidense lembrou ao mundo que o Capitalismo sempre viveu imerso a (ou sob a ameaça de) recorrentes crises ou instabilidade permanente. Começaremos aqui uma nova série de artigos sobre a crise, especificamente sobre teoria da crise capitalista segundo o Marxismo, em titulado A Teoria da Crise no Marxismo - uma análise ontológica como contribuição ao debate. O texto é uma versão resumida de uma parte da minha monografia de conclusão de curso de graduação sobre regulação e crise no sistema capitalista segundo Karl Marx e o Marxismo (Crise e Regulação em Marx: uma crítica ontológica a Escola da Regulação).

O objetivo é conseguir observar no Marxismo, em base as elaborações apresentadas por Karl Marx e Fridriech Engels e O Capital, as causas da crise capitalista e suas formas de manifestação, procurando analisar as tendências recorrentes, cíclicas, crônicas e crescentes de crise do sistema capitalista. Identifica e entende o porquê do caráter progressivamente mais crítico que ganha essa sistema, à medida que avança no capitalismo a configuração monopolística. Assim, obtêm-se simultaneamente, as possibilidades analítica-explicativa em torno ao desequilíbrio inter-setorial e de crise de realização, como também, à manifestação da tendência de longo prazo à queda da taxa de lucro, como, por fim, identificar a causa primária da crise capitalista na contradição crescente no desenvolvimento do caráter social nas forças produtivas e da preservação das formas privadas nas relações de produção.

Estará a série dividida em 10 capítulos e uma bibliografia, agrupados em 3 partes, sendo a primeira parte sobre a controvérsia sobre as crises entre os próprios marxistas. Cada capítulo é um artigo independente, podendo ser lido separadamente, excetuando o fato que a bibliografia foi destacada na forma de um capítulo à parte, permitindo observar cada um dos aspectos das questões marxistas em torno à crise econômica capitalista. Porém, o conjunto, tanto tomado em suas 3 partes, como reunidos, formam uma totalidade. A ideia aqui não é serem artigos científicos/acadêmicos convencionais, mas minutas e borradores para futuros artigos e sugestões e referência a outros pesquisadores. Isso implica que vez em quando o texto sofrerá revisões redacionais e de diagramação. Pede-se, obviamente, que não se plagiem os textos e os citem como fonte quando for necessário.

O plano das partes e os capítulos que lhes compõem são os seguintes:
(Atualizado em 03/07/2014)

Karl Marx: História e o Estado

por Almir Cezar Filho

Para o filósofo Karl Marx, a origem social (determinação social) não reside no indivíduo mas na História. E a História é a luta de classes.

Não se deve limitar às idéias dos indivíduos mas a análise das bases sociais dos indivíduos.

“Até então os filósofos analisaram o mundo cabe a nós transformá-lo” (K. Marx).
Hegel foi o primeiro filósofo a fazer uma apreensão histórica, mas limitado as idéias. Para Marx o homem tem o papel de transformação da realidade.

A História começa com a relação do homem com a natureza, relacionando para satisfação de necessidades – a pré-História.

A História com a intervenção na natureza pelo meio do trabalho.

Os animais progridem adaptando-se a natureza. O homem adapta a natureza as suas necessidades (transforma a natureza).

Não existe natureza pura, ela surge com a intervenção do homem.
O homem para interagir com a natureza cria (as forças produtivas) os meios (instrumentos) pelos quais interage para modificá-la.

Ao interagir com a natureza, saciando necessidade, uma vez satisfeita, o homem cria nova necessidade.

1º ato – satisfação necessidade – (cria) – forças produtivas

2º ato – satisfeito – (cria) – nova necessidade

3º ato – para interagir com a natureza – (cria) – relações dos homens entre si.
Para o homem dominar natureza o homem obrigado a relacionar-se, dividir o trabalho socialmente (entre si).

Da divisão social do trabalho gera a divisão social, conseqüência as classes e a distribuição diferenciada da produção, logo da propriedade (meio de produção).
Surge o Estado, garantia (institucionalização do poder econômico) da posse da propriedade.

As idéias dominantes são idéias das classes dominantes. A classe dominante controla os aparelhos ideológicos e institucionais de dominação.

Então a repressão estatal (violência e burocracia) aumenta na mesma medida que exploração aumenta.

A primeira forma que o Estado serviu a burguesia e centralizado foi com as monarquias absolutistas.

Marx descreve a Comuna de Paris como as atividades (funções) estatais descentralizadas, pois passam para a sociedade [civil]. É o auto-governo da sociedade civil, é o auto-governo da classe trabalhadora.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Entenda o que é o compulsório bancário

O Banco Central na tentativa de ampliar a liquidez na economia reduziu o depósito compulsório dos bancos. Isso visava injetar dinheiro disponível para que esses pudessem emprestar. Esse medida já havia sido tomada pelo BC, mas agora foi ampliada, sem nenhum efeito prático.

O que acontecia era que os bancos pegavam o dinheiro a mais e aplicavam em títulos públicos (o que os analistas chamaram de "empoçamento") ao invés de ampliar os empréstimos e linhas de crédito às empresas e clientes. É óbvio que num momento de pânico, onde os bancos estão avessos ao risco de inadimplência ou de prejuízos prefiram por dinheiro em algo seguro e com alta remuneração como os títulos do tesouro, ainda mais com as taxas de juros brasileiras estão entre as mais altas do mundo. 

O BC agora liberar os recursos antes destinados ao compulsório bancário em títulos e não mais em dinheiro. Ao meu ver é trocar seis por meia dúzia. Mas antes de aceitar minha opinião, leiam esse artigo abaixo onde se explica o que é o compulsório bancário e porque ele afeta a liquidez na economia.

As notícias estão cada vez piores na economia mundial

> Recessão na Alemanha - crescimento negativo de 0,5%;
> Situação pré-falimentar em grande empresas estadunidenses como a GM;
> Fechamento de fábricas nos EUA e Europa
> Problemas na Balança Comercial do Japão
> A equipe econômica dos EUA resolveu mudar a destinação e a aplicação dos recursos aprovados do pacote de socorro aos sistema financeiro.

O mercado financeiro reage e as principais bolsas acumulam prejuízo, perdendo o que haviam recuperado na semana anterior com o cenário da provável vitória de Obama nos EUA e as reuniões dos líderes mundiais.

O pior é que a "esperança Obama" só irá assumir o governo daqui a 2 meses. Enquanto isso, os capitalistas terão que aguentar o desacreditado e desmoralizado W. Bush.

A desaceleração econômica mostra-se já de fato uma recessão nas economias centrais do capitalismo.

Da série "Minhas Poesias: Palavras que escorrem pelos dedos"

Palavras que escorrem pelos dedos (II)

Minhas poesias são letras
Que escorrem pelos dedos
Fluem no papel como rios

É cantarolado pelo violeiro
Na beira dos mais lindos rios
E em todos os vilarejos

Ah, sonhos! É o destino
Poetar o meu povo
A linha história que fazem aos pouco

Cada canto, cada verso
É suor, inspiração, transpiração
Todo com paixão

Do cantar da lavadeira
Do ninar da doce mãe morena
Do rezar da pia romeira
Do atabaque e hinos do ano-novo

Do falar gostoso do meu povo!

Errar e acertar, melodia
Os contos de minha terra
Em versos mui prazerosos
Que até o repentista quer declamar de novo
Nas mais lindas rimas
A baunilha, nestas poesias filhas
Das lendas e fábulas que desde criança
Eu ouvia

Fazia-me ser mais uma castanha
Desta grande família
E conhecer as entranhas, com muita paixão
Palmear cada pedaço deste chão

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Governo gasta em juros mais de 8x o que aplica em educação

UOL Economia. Da RedaçãoEm São Paulo12/11/2008 - 10h00
http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/11/12/ult4294u1878.jhtm

Os gastos do governo com pagamento de juros do endividamento público, entre 2000 e 2007, somaram R$ 1,268 trilhão, o que representa 8,5 vezes o dinheiro investido em educação no mesmo período, que foi de R$ 149,9 bilhões (veja gráfico no fim do texto).A informação consta de estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Impostos sobem 7 vezes mais que salários, diz Ipea. O gasto com juros também supera de longe o que foi empregado em saúde: R$ 310,9 bilhões.Segundo nota distribuída pelo Ipea, além de o gasto com juros ser "improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores", também colabora para a concentração de renda.Para o mesmo período, segundo o Ipea, a somatória dos gastos da União com saúde, educação e investimento correspondeu a somente 43,8% do total das despesas com juros.

Cinedebate mês da consciência negra

Quero chamar os leitores do blog a uma atividade interessante nessa sexta-feira, um cinedebate (exibição de filmes com debate). É uma atividade do mês da consciência negra, é organizada pela CONLUTAS-RJ.

CONLUTAS RJ convida:

CINE DEBATE 14/11
SEXTA*SEXTA*SEXTA

1 - Alma no Olho
2 - Aniceto do Império - em dia de Alforria
3 - Pequena África
4 - Samba no Trem
5 - Praça Tiradentes
Exibição de curtas do diretor do Cinema Negro: Zózimo Bulbul

Rua Teotônio Regadas, 26-602/Lapa-Centro
Telefone/fax: (21) 2509-1856
e-m@il: conlutas-rj@conlutas.org.br

A PARTIR DAS 18:30 HORAS
GT Negros & Negras da CONLUTAS-RJ

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Palavras que escorrem pelos dedos (1)

A poesia número 1 é "Palabras que escorrem pelos dedos". No meu caderno há duas poesias com a mesma introdução (os seis primeiros versos são iguais) e por isso as batizei com o mesmo nome, sendo a primeira número 1 e a segunda número 2. Eis a número 1 para vocês darem uma lida. Essa é um soneto: uma poesia com dois tercetos e dois quartetos.
Sei que não sou um Bandeira, um Drummond ou um Bilac, mas não só de pão vive o homem. E não dá pra apresentar apenas textos de Economia e política.
Então apresento a vocês para sua apreciação.

Palavras que escorrem pelos dedos

Minhas poesias são letras
Que escorrem pelos dedos
Fluem no papel como rios

É cantarolado pelo violeiro
Na beira dos mais lindos rios
E em todos os vilarejos

Este caderno torna-se mar
De verso multicolorido
São palavras à minha gente
Sons, canções, pra deixá-los contentes

Ah! Leitor. Ah! Ouvintes. Sois jangadas
No oceano d’alma poética deste repente
O azul das águas vem do céu: minha fantasia
E as nuvens do céu? São um toque de magia

Minhas Poesias - Palavras que escorrem pelos dedos

Recentemente fiz uma descoberta em minhas coisas, páginas com minhas poesias. Durante minha adolescência deixe correr certa verve poética. Entre os 12 e 16 anos rabisquei vários poemas. Agora me sobrou poucos, perdidos entre idas e vindas, entre várias recopilações.

Apresento as que sobraram. Não necessariamente foram as melhores mas as que a sorte trouxe ao hoje.

domingo, 9 de novembro de 2008

O neoliberalismo por aqui ainda não acabou!

O neoliberalismo não morreu.Pelo menos no Brasil.
Almir Cezar 

Enquanto no resto do mundo, especialmente na Europa e EUA, onde a crise está mais brava, os economistas e políticos, e mesmo os banqueiros e empresários, já desistiram de pedir medidas e políticas econômicas neoliberais, como aumento das taxas de juros e redução dos gastos públicos, é justamente isso que no Brasil a mídia e imprensa vendida e os "especialistas" defendem que se adote.
O contra-senso é que até o BIRD está defendo aumento do gasto público para 2009 a fim de evitar ou combater a desaceleração econômica em cada país.
Isso apenas prova que os setores ligados aos sistema financeiro por aqui ainda está inteiros, e somente recuam quando estão na lona.
Prova que o Governo Lula ainda está capturado por essa fração da burguesia ou ainda é acossada por ela.Prova também como a imprensa e mídia brasileira também é aliada ou vendida a esses interesses.
Aqui se discute que é "realista" reduzir o orçamento do ano que vem. Que é "realista" o BC manter ou mesmo aumentar a taxa de juros para combater a inflação.
Inflação! Essa imprensa é muito contraditória, a algumas semanas criticava Governo pois este não estaria dimensionando o tamanho e gravidade da crise. Contudo, defende que o Governo se preocupe com inflação. Isso é a última coisa. O importante é o emprego dos trabalhadores.
A burguesia industrial, que ainda não foi plenamente afetada por aqui ou é muito dependente dos bancos fica quieta. Mas no pouco que sofre, já vêm transferindo a crise para os trabalhadores via demissão ou férias coletivas.

A culpa da crise no Brasil em parte é do BC

por Almir Cezar

Uma parte considerável das perdas das empresas brasileiras com a crise não vieram em si da redução das vendas ou com redução de crédito, mas sim devido à política monetária do Banco Central.

O BC é culpado pelas perdas das empresas com derivativos cambiais pois os exportadores usaram o mecanismo como forma de compensar a taxa de câmbio lhes desfavorável. A valorização do real frente ao dólar foi causado pela maior taxa de juros do mundo que fez por sua vez o fluxo de entrada fosse enorme.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama mostrando pra que veio: não é a mudança

por Almir Cezar

O presidente eleito dos EUA, Obama, que foi eleição sob o signo da mudança, já mostrou que não será o instrumento para isso:

nomeou para chefiar a equipe de transição e como futuro chefe da Casa Civil, o deputado Rahm Emanuel, ex-membro da equipe do Governo Clinton e ligado ao mercado financeiro.

A História pulsa!

por Almir Cezar

Mensagem que recebi do meu amigo, Henrique Barros, pesquisador do CEPES (Centro de Estudos, Pesquisas e Planejamento Econômico-Social) da Universidade Federal de Uberlândia, comentando o momento histórico que vivemos nas últimas semanas.

Queria acrescentar a comovente mensagem que talvez estejamos vivendo aqueles momentos que o historiador Valério Arcary se referiu como "esquinas perigosas da História", quando num determinado momento, sob certas circunstâncias, a dinâmica social se acelera e várias grandes transformações se precipitam simultaneamente.


Alguns acontecimentos recentes têm me dado uma sensação que pode parecer, mas não o é, paradoxal.

Há alguns dias atrás liguei a TV para acompanhar a quebra do Lehman Brothers.
Hoje, 05/11/2008, amanheci ao som do noticiário sobre a vitória de Obama.
Nos dois momentos fui tomado por uma sensação de distanciamento, de estar noutro plano vendo a linha da história oscilar.
Ao mesmo tempo me senti arraigado no presente, vendo tudo acontecer tão próximo, tão sólido, tão compreensível e explicável.
O aparente paradoxo nada mais é do que um amante da História observando o momento em que esta é escrita.
Talvez o futuro nos conte que o presente não era tão diferente do passado.
Que não se vive um momento de inflexão.
Mas esses dias serão lembrados, serão citados, na pior das hipóteses como a marca da possibilidade, como um ponto de partida para exercícios do que poderia ter sido.
A História tem nomes, rostos, cores, sentimentos, tem o anonimato de forças silenciosas.
Mas em dias como esses, em dias como hoje, 05/11/2008, a História pulsa.



Henrique Barros.

Karl Marx: a História e o Estado

por Almir Cezar Filho

A origem social (determinação social) não reside no indivíduo mas na História. E a História é a luta de classes.

Não se deve limitar às idéias dos indivíduos mas a análise das bases sociais dos indivíduos.

“Até então os filósofos analisaram o mundo cabe a nós transformá-lo” (K. Marx).
Hegel foi o primeiro filósofo a fazer uma apreensão histórica, mas limitado as idéias. Para Marx o homem tem o papel de transformação da realidade.

A História começa com a relação do homem com a natureza, relacionando para satisfação de necessidades – a pré-História.

A História com a intervenção na natureza pelo meio do trabalho.
Os animais progridem adaptando-se a natureza. O homem adapta a natureza as suas necessidades (transforma a natureza).
Não existe natureza pura, ela surge com a intervenção do homem.
O homem para interagir com a natureza cria (as forças produtivas) os meios (instrumentos) pelos quais interage para modificá-la.
Ao interagir com a natureza, saciando necessidade, uma vez satisfeita, o homem cria nova necessidade.
1º ato – satisfação necessidade – (cria) – forças produtivas
2º ato – satisfeito – (cria) – nova necessidade
3º ato – para interagir com a natureza – (cria) – relações dos homens entre si.
Para o homem dominar natureza o homem obrigado a relacionar-se, dividir o trabalho socialmente (entre si).
Da divisão social do trabalho gera a divisão social, conseqüência as classes e a distribuição diferenciada da produção, logo da propriedade (meio de produção).
Surge o Estado, garantia (institucionalização do poder econômico) da posse da propriedade.
As idéias dominantes são idéias das classes dominantes. A classe dominante controla os aparelhos ideológicos e institucionais de dominação.
Então a repressão estatal (violência e burocracia) aumenta na mesma medida que exploração aumenta.
A primeira forma que o Estado tomou para servir a burguesia e sob forma centralizada foi sob as monarquias absolutistas.
Marx descreve a Comuna de Paris como as atividades (funções) estatais descentralizadas, pois passam para a sociedade [civil]. É o auto-governo da sociedade civil, é o auto-governo da classe trabalhadora.

As novas regras da nossa língua (Acordo Ortográfico)

A partir de 2009, os brasileiros deverão adotar a nova ortografia. Confira um resumo abaixo:

Hífen
Não se usará mais o hífen quando:
1- O segundo elemento começar por “s” ou “r” e estas duas consoantes forem duplicadas.
Exemplo: anti-religioso – antirreligioso; anti-semita – antissemita.
Exceção será mantido o hífen quando os prefixos terminam com “r”: hiper-requintado; super-revista.
2- O prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com uma vogal diferente.
Exemplo: extraescolar, autoestrada, aeroespacial.

Trema
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados.

Acento diferencial
Não se usará mais para diferenciar:
- pára (verbo parar) de para (preposição);
- péla (verbo pelar) de pela (preposição);
- pólo (substantivo) de pólo (preposição antiga);
- pélo (verbo pelar) de pêlo (substantivo) e de pelo (preposição);
- pêra (substantivo arcaico = pedra) e pêra (preposição arcaica).

Acento circunflexo
Não se usará mais:
1- Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos: crer, dar, ler, ver e seus derivados. A grafia correta será: creem, deem, leem e veem.
2- Em palavras terminadas no hiato “oo”, como enjôo ou vôo, que se tornam enjoo e voo.

Acento agudo
Não se usará mais:
1- Nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como assembléia, idéia, heróica e jibóia.
2- Nas palavras paroxítonas, com “i” e “u” tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplo: feiúra e baiúca passam a ser grafadas sem o acento.
3- Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”. Com isso, algumas formas de verbos como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg (ü/u) ir) passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.

Alfabeto
Passará a ter 26 letras, ao incorporar k, w, y.

(fonte: Revista Nova Escola)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Com Obama não muda nada nos EUA

por Almir Cezar

O clima de euforia no mercado financeiro hoje é o sinal que a provável eleição para presidente dos EUA do senador Barack Obama é prova que esse não representa mudança nenhuma na política.

A vitória de Obama sobre McCain é apenas uma rearranjo na composição de frações da burguesia estadunindese que comandam o Estado Nacional.

A vitória de Obama e a esperança que na massas criou com sua candidatura será usada como meio de impedir o descontentamente dessas mesmas massas e que essas busquem criar as mudanças de verdade na marra.

Obama é um advogado que fez carreira política no movimento comunitário. Sua eleição cumprirá o papel que Lula cumpriu no Brasil em 2002.

Só que Obama é muito mais palatável a elite. Obama é professor da Universidade de Chicago, essa mesma universidade de Milton Friedmann e seus "chicago boys", os economistas monetaristas, apostólos do neoliberais pelo mundo, agentes da contra-revolução que atacou as vitórias históricas dos trabalhadores.

A saída que Obama aplicará não tem nada de socialismo, como foi atacado pelos republicanos e os neocon. "Socialismo das perdas" foi o que o que George W. Bush fez quando estatizou os bancos quebrados, enquanto durante 8 anos deixou fazerem farra.
Obama atacará ainda mais os direitos trabalhistas com o repaldo desses mesmo trabalhadores, enebriados pelo fato de ser o "primeiro presidente negro".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Os bancários pagarão pela fusão Itaú-Unibanco

Queria lembrar, que com os ganhos que os donos do Unibanco e Itaú obteram com a fusão desses dois bancos, provavelmente não serão repassados aos correntistas, credores e funcionários.

O quase certo é que os funcionários serão os que mais sofreram, com mais uma rodada de demissão dos bancários.

Fusão do Unibanco e Itaú. Porque os bancos não queriam o socorro do BC

por Almir Cezar

Hoje chegou a notícias de mais uma megafusão bancária no Brasil, a fusão entre o Itaú e o Unibanco, criando a maior instituição financeira brasileira.

Queria relembrar o texto postado no último dia 22 de outubro "Crise global empurra bancos para mais concentração".

Corre rumores que o Unibanco, que já andava sendo negociado por vários bancos, ficou em situação delicada recentemente depois da crise dos derivativos que se abateu no mercado financeiro brasileiro com o estouro da bolha financeira estadunidense e a desvalorização cambial.

***

Essa fusão é uma prova do porque a grande burguesia bancária brasileira não gostou da medida preventiva do Governo de comprar ações dos bancos em dificuldade. Ela esperava com a crise ir às compras (ir ao "saque do botim") dos bancos quebrados que iriam aparecer e com a medida de socorro acabaria ficando impedidos disso.

Como sempre a burguesia só fica contra uma medida (que a príncipio os beneficiam), usando os políticos da oposição de direita (tucanos e demos) como seus pitbulls, não porque defendem o a transparência do uso de recursos públicos. Quando usam os argumentos de livre-mercado na verdade é que querem aproveitar para lucrar.