domingo, 19 de outubro de 2008

Perguntas e respostas sobre a Crise

por Almir Cezar Filho*

Aí vai uma série de perguntas e respostas sobre a crise econômica iniciada em 2008 com a implosão dos títulos subprimes nos EUA e falência de bancos hipotecários.

O que tem a ver com os Subprimes?
O ponto de partida é uma verdadeira estafa que os bancos ocidentais ganharam uma enorme quantidade de dinheiro às custas dos estadunidenses, declarando que se não eram capazes de pagar, ficariam sem suas casas.

É somente uma crise bancária?
Não. Trata-se de uma verdadeira crise econômica que começou no setor bancário, mas suas causas são muito mais profundas. Na realidade, toda a economia dos Estados Unidos vive a crédito há 30 anos. As empresas se endividam acima de suas possibilidades, o Estado se endivida também acima de suas possibilidades (para fazer a guerra) e os cidadãos são levados também a endividar-se; é a única maneira de manter, artificialmente, um crescimento econômico.


A verdadeira causa?
A imprensa e mídia não nos dizem nada. No entanto, as subprimes não são nada mais do que a ponto do iceberg, a manifestação mais espetacular de uma crise e de superprodução, de queda da taxa de lucro das empresas, que golpeia os Estados Unidos e em menor medidas outros países centrais (UE e Japão).

Se o objetivo final de uma empresa transnacional consiste em despedir os trabalhadores em massa para fazer o menos trabalho com menos pessoas, se também diminuem os salários por todos os meios e com a ajuda dos governos cúmplices. A quem os capitalistas vão vender suas mercadorias, se não param de empobrecer seus clientes?!

É somente uma crise que será superada?
A história demonstra que o capitalismo tem isso sempre de uma crise. Na realidade, as crises são também um período que aproveitam os grandes para eliminar ou absorver os mais débeis. É o que acontece agora com o setor bancário estadunidense, ou o caso da Europa tudo isso apenas começou. 

Porém, se a crise reforça a concentração de capital em mãos de um número ainda menor de multinacionais, qual será a conseqüência? Esses supergrupos terão ainda mais meios para eliminar ou empobrecer a mão de obra e, assim, converter-se em uma competição ainda mais forte. A outra maneira de superar uma crise é com uma boa guerra de vez em quando (eliminando seus rivais, empresas, infra-estruturas, o que permite um bom reembolso econômico). Assim a crise abre as condições para sua saída, mas também para próxima crise. Logo, o capitalismo vai de crise em crise.

E o neoliberalismo nisso tudo?
A crise não foi provocada, mas acelerada pela moda neoliberal dos últimos vinte anos. Os países ricos têm tentado impor esse neoliberalismo em todo os países periféricos. Na América Latina neoliberalismo tem levado a milhões de pessoas à miséria, a redução dos direitos trabalhistas e sociais, rebaixamentos salariais e redução do gasto público em setores chances da sociedade. Uma expansão sem limite do capital levou o capitalismo a uma superprodução sem precedentes.

(*) esse artigo foi feito com base no texto de Michel Collon

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