terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Crise pega a China de cheio

por Almir Cezar Filho

Notícia garimpada pelo meu amigo Henrique Barros, mestre em Economia e pesquisa do CEPES-UFU sobre incidentes na China que comprovam que a Crise a pegou também, e bem em cheio. A China a partir daí será obrigada a profundas transformações estruturais.

Antes um comentário dele sobre a matéria.

Como já previsto, a crise pega a China de cheio.
Seu crescimento consolidado pela parceria com os Estados Unidos está comprometido.
Como não poderia deixar de ser, já apontam como saída a possibilidade de se voltar pro mercado interno.

Gente pra virar consumidor a China tem de sobra.

E vem fazendo isso em um ritmo elevado na sua trilha de crescimento.
Vai ter de aumentar esse ritmo então.

O interessante é ver as contradições que o capital engendra se manifestando agora de forma mais contundente com a crise.

Trabalhadores estão fazendo protestos.

O regime ditatorial chinês já não tem tanta força sobre a sociedade. Não como tinha.
E se quiser fortalecer seu mercado interno, vai ter de gerar mais consumidores, gerar mais contradições e reduzir ainda mais o controle direto sobre a população.
Esse controle passa ao sistema.

H.


Crise põe de joelhos fábricas de brinquedo na China

Vincent Yu/AP

Polícia cerca sede do governo de Guangdong, em ato de desempregados A agência de notícias oficial da China, Xinhua, liberou na semana passada um informe de teor alarmante: Em 2008, 3.631 exportadores de brinquedos chineses (52,7% das empresas do setor) fecharam as portas. São três as principais causas da bancarrota: custos de produção elevados, aumentos de salários de funcionários e a valorização do yuan, a moeda da China. O recrudescimento da crise nos EUA e na Europa reforçou o negrume de um cenário que já era trevoso. A ultima companhia a abrir falência foi a Smart Union Group. Dava emprego a 7.000 mil chineses. Fornecia brinquedos para daus gigantes americanas: a Mattel e a Hasbro. A Smart Union operava na província de Guangdong, no Sul da China, fronteira com Hong Kong. Uma região apelidada de “fábrica do mundo”. A turbulência financeira iniciada nos EUA e irradiada para o resto mundo está encolhendo o vistoso parque industrial da “fábrica do mundo.” Foi ali, em Guangdong, que a China deu, há 30 anos, os primeiros passos rumo ao capitalismo, distanciando-se do comunismo clássico. A maioria das fábricas de brinquedo da China está assentada nessa província, convertida em laboratório das reformas econômicas encetadas pelo governo chinês. Empresas de Hong Kong, Taiwan, EUA e Europa acorreram a Guangdong, atraídas pelos baixos custos de produção. Passou-se a produzir na região de tênis e roupas íntimas a laptops e iPods. O cenário de prosperidade era turvado na última sexta-feira por manifestações de empregados demitidos da Smart Union Group. Alguns deles foram ouvidos pelo repórter William Foreman, da Associated Press. É de Foreman a notícia da qual foram extraídas as informações relatadas aqui. "Essa crise financeira na América vai nos matar. Ela já está tirando comida das nossas bocas", disse, por exemplo, Wang Wenming, um dos demitos. A empresa vinha atrasando salários havia meses. Shao Xiaoping, outro chinês posto no olho da rua, resumiu assim o drama: "A administração dizia que o problema era que nossos clientes americanos não estavam pagando pelos produtos que encomendavam, de modo que a companhia não tinha como nos pagar". Um grupo de cerca de cem funcionários reuniu-se do lado de fora da empresa, um complexo de cinco andares. Outro grupo maior –cerca de 2.000 pessoas—aglomerou-se defronte da sede do governo de Guangdong. Exigia-se o pagamento dos salários atrasados. O prédio foi cercado por 50 policiais, munidos de escudos e cassetetes (veja foto lá no alto). O aprofundamento da crise americana tonifica uma retração que já vinha tingindo de vermelho os balanços da China. De acordo com dados oficiais, a taxa de crescimento das exportações chinesas caiu no primeiro trimestre de 2008. Foi a primeira queda em três anos. Chan Cheung-yau, presidente do subcomitê de brinquedos e jogos da Associação dos Fabricantes de Brinquedos da China, sediada em Hong Kong, prevê dias piores. Afirma que milhares de outras fábricas vão cerrar as portas na China em 2009. "O aperto do mercado de crédito tornou mais difícil para os fabricantes levantar recursos", diz Cheung-yau. "Isso criou um problema enorme de fluxo de caixa". Como se vê, a marolinha parece ter chegado à China com dimensões tsunâmicas.

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