quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A crise comprovou que o Estado Nacional não é irrelevante

Por Almir Cezar Filho

Essa crise é bem interessante, derrota os economistas convencionais e os ideólogos do neoliberalismo em um aspecto com a Globalização: a irrelevância do Estado Nacional.

Primeiro, mostrou que os Estados Nacionais não são irrelevantes. São sempre acionados pelos agentes do mercado quando este não funciona como previsto. O Estado parece funcionar como meio de garantia da estabilidade do mercado, ou mesmo, meio de re-estabilização do mercado. A maior mostra disso foi a pressão dos próprios bancos pela implantação do pacote de socorro do governo dos EUA. Outras provas são as tratativas por parte da UE de fazer o mesmo e no caso do Brasil, o pânico que tomou o mercado ontem ter sido apenas acalmado com o pronunciamento do ministro da Fazenda e do presidente do BC. Por fim, foi a ausência do Estado nas operações do mercado, através da regulamentação, que se escasseou nas últimas duas décadas.

Mas, em segundo lugar, embora o Estado Nacional seja o guardião, o garantidor inclusive da própria existência do mercado, sua ação isolada, no plano nacional não basta mais para o Capitalismo. As modificações recentes, com a expansão dos capitais para além da esfera do mercado nacional, restringem o próprio raio de ação do Estado. O exemplo, é que apesar da aprovação do pacote dos EUA os mercados pelo mundo, incluindo o mercado dos EUA, não mudaram de “humor”, continuaram em pânico. Avaliaram que os mais de 700 bilhões de dólares e as inúmeras medidas de intervenção eram poucas.

A internacionalização dos capitais obrigou os Estados Nacionais das potências econômicas centrais a baterem cabeça, mas por fim terem que entrar num acordo. Intervieram conjuntamente, com a medida do corte combinado das taxas de juros feitas pelos BCs. Contudo, muitas outras medidas terão que ser feitas. O Federal Reserve (FED, o banco central americano) reduziu a taxa de juros básica nos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual, para 1,5%, em uma operação coordenada com o Banco Central Europeu (BCE) e outros quatro bancos centrais (Inglaterra, Suíça e Suécia, além do Canadá).

A crise mostra que falta uma esfera estatal supra-nacional. A ONU, o FMI, o Banco Mundial, etc, não são isso. Falta portanto construí-lo.
Porém, o Capitalismo não está disposto a isso. Esses órgãos multilaterais não cumprem esse papel, mas foram construídos na tentativa de evitar a repetição de uma possível crise no pós Segunda Guerra, tal qual o mundo viveu no pós Primeira Guerra. Mas na verdade, esses órgãos foram muito mais, pelo medo do Socialismo, que a crise empurrasse os países “elos fracos” do Capitalismo para esse caminho, do que para evitar as crises. Pois para evitar as crises implicaria a interferência sobre os negócios, o que os capitalistas não estão dispostos.

Implicaria interferir nos governos, o que as burguesias que controlam o Estado estão muito menos dispostos.

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